São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Campanha é a 1ª a ter pesquisas diárias

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A campanha presidencial de 1996 foi a primeira a ser acompanhada por pesquisas diárias de intenção de voto divulgadas por jornais e emissoras de rádio e TV.
Embora as preferências por Bob Dole tenham crescido em alguns momentos (após sua renúncia ao Senado, durante a convenção do Partido Republicano e na esteira das primeiras denúncias de ilegalidades no financiamento da campanha de Bill Clinton), a vantagem do presidente sobre o opositor ficou sempre numa estável margem entre 12 e 18 pontos percentuais.
Paul Lavrakas, da Universidade Estadual de Ohio, acha que numa situação como esta, em que a vitória de um candidato é tida como certa pelas pesquisas, cerca de 20% dos eleitores que estavam dispostos a ir votar nem se dão ao trabalho. E isso pode provocar uma notável diferença no resultado final.
Ninguém conta com esse tipo de imprevisto, em especial entre os responsáveis pelas pesquisas. Mas muita gente anda criticando esse acompanhamento detalhado dos sentimentos do público em relação aos candidatos, como se ele de alguma forma ameaçasse a pureza do processo eleitoral.
Há quem condene as análises feitas dos números por jornalistas, que costumam levá-los a sério demais, como se fossem o resultado de um jogo de futebol, não a detecção de tendências.
Outros, em particular no lado de quem está pior nas pesquisas, enfatizam que elas podem estar erradas e lembram, sempre, o exemplo de 1948, quando os institutos decretaram a vitória do republicano Thomas Dewey, e quem ganhou foi o democrata Harry Truman.
Mas a ciência da pesquisa de opinião pública ainda era incipiente, e a atualização dos dados foi interrompida dias antes da eleição. Esse tipo de erro não vai se repetir.
Mesmo assim, 1996 teve suas surpresas. Por exemplo, na primária do Arizona, em fevereiro: todos os institutos previram que Bob Dole terminaria em terceiro lugar, atrás de Steve Forbes e Pat Buchanan. Mas ele chegou quase empatado com o vitorioso Forbes.
(CELS)

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