São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Passageiro transportava cocaína

DA REPORTAGEM LOCAL

A cocaína encontrada anteontem no avião Fokker-100 da TAM que caiu na região do Jabaquara, zona sul de São Paulo, pertencia ao passageiro Mauro Rodrigues Matos, 36, um oficial de Justiça.
A informação foi divulgada ontem à tarde pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. Matos, que viajava acompanhado da namorada, teria embarcado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Segundo a polícia, Matos já foi condenado a 12 anos de reclusão por tráfico de drogas. Ele cumpriu dois anos na Casa de Detenção de São Paulo.
A droga, 3.948 kg, foi encontrada junto ao trem de pouso da aeronave, próximo à cabine do avião, que caiu sobre uma das casas da rua Luis Carlos Orsini de Castro.
A cocaína estava acondicionada em papel alumínio e foi achada junto a uma caixa com medicamentos e alguns documentos.
Matos foi preso em abril de 92 em Santo André, na região do ABCD paulista. Em 94, o oficial saiu da prisão em liberdade condicional. Atualmente, ele morava na cidade de Mirassol D'Oeste, no Mato Grosso, segundo a polícia.
O delegado Romeu Tuma Júnior, titular da Delegacia Seccional Sul e responsável pelo inquérito sobre o acidente, descarta completamente a possibilidade de a droga estar escondida na fuselagem do avião.
"Com certeza, ele estava levando a cocaína na bagagem. Ela estaria em uma valise de mão ou no bagageiro do avião", disse Tuma Júnior.
O delegado não descarta a possibilidade de Matos estar carregando mais cocaína do que a encontrada. Nesse caso, o restante da droga teria sido destruída pelo fogo após a queda do avião.
Tuma Júnior quer agora estabelecer a rota do passageiro. "Nós vamos ver agora em qual aeroporto ele realmente embarcou se se não havia fiscalização", disse o delegado.
Tuma Júnior também vai investigar os procedimentos adotados no aeroporto de Congonhas com relação aos passageiros provenientes de vôos de conexão.
A Folha apurou que a polícia já investigava a atuação de Matos há algum tempo. Ele seria o líder de uma conexão de tráfico de drogas e estava para ser preso a qualquer momento.
Segundo informações, ele costumava voar em aviões da TAM e levava a droga em valises de mão.
Rolim Adolfo Amaro, presidente da TAM, disse ter ficado surpreso com a descoberta da droga. "A droga é uma droga. Todos os aviões do Brasil estão na rota do tráfico. Tem tráfico em todo lugar do país."

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