São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Família vê 5 corpos, mas não acha parente

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A família do gerente de marketing Laércio Cremasco, 42, passa por uma via-crúcis tentando identificar seu corpo entre as vítimas do acidente com o Fokker.
Até o início da noite de ontem, o corpo ainda não havia sido identificado. Um dos irmãos de Laércio, Levy Cremasco, 44, que chegou ao IML anteontem às 13h15 junto com outros nove integrantes da família, tentava, sem sucesso, fazer o reconhecimento.
O administrador de empresas Lourival Cremasco, 40, irmão mais novo de Laércio, passou por duas sessões de reconhecimento.
Ele chegou a suspeitar de quatro corpos, que poderiam ser o do irmão, mas a suspeita não se confirmou. Segundo a família, Laércio tinha uma prótese de titânio em um osso da face há dois anos por causa de um acidente.
Os corpos suspeitos de ser o de Laércio foram radiografados, e a suspeita acabou sendo descartada.
No início da tarde de ontem, a família recebeu a notícia de que o corpo de Laércio teria sido encontrado sob os escombros de uma das casas atingidas pelo avião. A expectativa, no entanto, não se concretizou.
Após uma nova sessão de radiografia, descobriu-se que não se tratava de Laércio. O corpo havia sido encontrado junto a uma carteira, com os documentos de Laércio, o que motivou a suspeita.
Um cunhado que acompanhava as buscas não conseguiu fazer o reconhecimento no local.
"O corpo encontrado estava com uma calça azul, e o meu irmão estava vestindo uma calça bege. O corpo também tinha uma corrente no pescoço, e meu irmão não usava corrente", afirmou Levy.
A família diz não ter mais esperança de encontrá-lo vivo, mas afirma esperar que a agonia do reconhecimento termine logo.
"Estamos apreensivos. Sabemos que ele morreu, mas é difícil enfrentar essa situação de ficar sem saber onde está o corpo", disse Levy. Ele afirma ter conseguido dormir apenas duas horas na noite de anteontem para ontem.
Laércio era casado e tinha três filhos, com idades de 19, 15 e 5 anos. Ele ia ao Rio a trabalho.

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