São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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ABC intensifica demissões voluntárias

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

A indústria metalúrgica do ABCD dobrou o ritmo dos programas de demissões voluntárias (também chamados de "voluntariados") em 1996.
Levantamento feito pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) revela que de janeiro a outubro deste ano 3.776 trabalhadores aceitaram pedir demissão em troca de um pacote de benefícios oferecido pelas empresas.
Em 1995, quando os voluntariados começaram a tomar grandes proporções, foram 1.903 adesões, segundo as comissões de fábrica.
"A tendência é as empresas aperfeiçoarem e intensificarem cada vez mais esse tipo de programa", afirma Romeu Viviani, gerente da Divisão de Recursos Humanos da Ford. "Até o governo federal está aderindo à idéia, comprovando sua viabilidade", diz.
Os pacotes oferecem indenizações que crescem de valor conforme aumenta o tempo de casa do funcionário. Em média, é oferecido o pagamento de um salário nominal por ano trabalhado, além dos direitos trabalhistas previstos em lei (aviso prévio, multa por rescisão de contrato, férias, fundo de garantia) e prorrogação do convênio médico.
A média de valores pagos, segundo sindicalistas, fica em torno de R$ 15 mil, mas alguns trabalhadores chegam a receber até R$ 50 mil.
O diretor do Departamento Jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, João Garavelo, diz que a alta taxa de adesão aos voluntariados é em grande parte devida ao medo dos trabalhadores perderem o emprego.
"A empresa abre o programa, fixa uma meta e um prazo final. O trabalhador se sente pressionado a aderir, por medo de perder o emprego sem os benefícios, caso a empresa não consiga atingir a meta de demissões", afirma Garavelo.
Já Adi dos Santos, coordenador da comissão de fábrica da Mercedes-Benz (empresa que lidera as estatísticas de voluntariado), reconhece que o movimento sindical ainda não está preparado para fazer uma oposição efetiva a programas de demissões voluntárias.
"Respeitamos a posição dos trabalhadores, mas alertamos que a grande maioria acaba se arrependendo de ter aderido", diz.

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