São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Escândalo 'Asiagate' se amplia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA admitiu que o banqueiro indonésio James Riady discutiu a política comercial norte-americana para a Ásia com o presidente Bill Clinton e assessores em algumas das 20 visitas que fez a Washington desde 1993.
A Casa Branca, sede do governo dos EUA, vinha dizendo que os encontros entre Riady e Clinton tinham sido apenas sociais.
Riady é o presidente do grupo Lippo, para o qual trabalhou John Huang, o pivô do "Asiagate", caso que envolve contribuições ilegais de empresas e cidadãos estrangeiros à campanha de reeleição de Clinton. Huang conheceu Clinton no Arkansas, onde o Lippo tem interesses financeiros, quando o presidente era governador.
Huang veio para Washington com Clinton e trabalhou no Departamento do Comércio. Este ano, foi eleito vice-presidente do Partido Democrata e, encarregado de obter doações da comunidade asiática à campanha de Clinton, arrecadou cerca de US$ 5 milhões.
A oposição denuncia que pelo menos US$ 1 milhão dessa quantia é ilegal. O Partido Democrata já devolveu quatro contribuições. Muitas delas foram feitas por dirigentes ou funcionários de organizações ligadas ao grupo Lippo.
A revista "Business Week" afirma em reportagem que Riady pressionou Clinton para que os EUA tomassem decisões que beneficiassem o regime do presidente Suharto na Indonésia.
Privilégio comercial
Em 1994, os EUA renovaram a condição da Indonésia de seu parceiro comercial privilegiado, com base nas promessas de Suharto de que seriam dadas garantias à formação de sindicatos livres no país.
Na campanha de 92, Clinton havia prometido acabar com os privilégios comerciais de todas as nações que desrespeitassem os direitos humanos, como a Indonésia.
O governo Clinton também manteve indiferença à situação de Timor Leste, a ex-colônia de Portugal ocupada pela Indonésia.
O porta-voz do presidente Clinton, Mike McCurry, disse ontem que "nada de irregular" ocorreu nos encontros entre Riady e funcionários do governo. Segundo McCurry, Clinton e Riady só conversaram "genericamente" sobre assuntos políticos e que as visitas do empresário à Casa Branca foram "basicamente de cortesia".
Riady controla organizações com ativo conjunto de US$ 12 bilhões.
(CELS)

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