São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Eleito enfrentará reforma da Previdência

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os principais problemas domésticos do próximo presidente dos EUA serão as reformas do sistema previdenciário e de assistência médica do país.
Bill Clinton tentou resolver os dois no primeiro mandato. Mas a proposta para a saúde preparada por comissão liderada pela primeira-dama Hillary Clinton era tão polêmica que o presidente nem chegou a enviá-la ao Congresso.
Ele promulgou uma reforma da Previdência aprovada pelo Legislativo controlado pela oposição. Mas a lei desagradou de tal modo a seus próprios colegas que Clinton prometeu modificá-la se reeleito.
O grande assunto político vão ser as denúncias relativas ao "Asiagate", contribuições suspeitas de ilegalidade feitas por empresas e cidadãos estrangeiros à campanha para a reeleição de Clinton.
Se os republicanos mantiverem a maioria no Congresso, com certeza vão dar prioridade à apuração dessas acusações. O caso Whitewater e o dos dossiês da polícia federal também vão ter continuidade.
Clinton vai estar às voltas com a acusação de assédio sexual da ex-funcionária pública Paula Jones. A Justiça decide em 1997 se o presidente pode responder a ações civis como chefe do Executivo.
Na economia, o presidente está preso ao compromisso assumido com o Congresso de zerar o déficit público federal até 2002 e às promessas feitas ao eleitorado de expandir os serviços de educação e proteção ao ambiente e de dar incentivos e isenções fiscais a milhões de pessoas. Os dois objetivos são excludentes, a não ser que grandes cortes sejam feitos.
Vários economistas acham que, nos próximos quatro anos, a partir de 1997, o país estará às voltas com uma recessão que pode até virar depressão se não for controlada.
A redução do déficit público, a baixa inflação, a queda dos salários e demissões em massa nas grandes corporações são a receita de uma depressão, segundo, por exemplo, o economista Thomas Palley.
O próximo presidente vai lidar com a incerta evolução dos fatos na ex-Iugoslávia, no Oriente Médio (onde o novo governo israelense é potencial problema para um segundo governo Clinton), na Irlanda do Norte e na Rússia.
Enquanto Fidel Castro for vivo, Cuba é uma permanente dor de cabeça para o presidente, ainda mais com a indisposição criada pela lei Helms-Burton entre muitos dos melhores aliados do país.
A sucessão do secretário-geral da ONU e o papel dos EUA na instituição são outras fontes de dificuldades para o próximo governo, assim como a expansão da Otan (aliança militar ocidental).

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