São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Bartoli planeja trabalho com Levine

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nem bem Cecilia Bartoli chegou ao Brasil, já foi dando ordens. Cancelou recital marcado para o dia 16. Antecipou, para dia 10, o agendado para o dia 13. E resolveu cantar um programa só nos três dias em que se apresenta no Cultura Artística -hoje, domingo e segunda.
No Brasil, Bartoli canta, com acompanhamento do pianista Steven Blier, Rossini, sua especialidade, além de árias italianas do século 18. Também apresenta canções de Pauline Viardot-Garcia, presentes em "French Recital", seu álbum solo de 96. Leia a seguir, trechos da entrevista por fax que ela concedeu à Folha.
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Folha - Por que escolheu canções francesas para seu álbum solo?
Cecilia Bartoli - A idéia dessa gravação aconteceu há alguns anos, quando cantei Cherubino na Ópera da Bastilha, em Paris. Lá, conheci o maestro Myung-Whum Chung, com quem me dei muito bem, e que me convidou a fazer um concerto com ele na Bastilha.
Chung me sugeriu fazer alguns recitais solo com ele ao piano -uma oportunidade que, é claro, agarrei. Essa gravação é o resultado dessa colaboração maravilhosa.
Folha - Qual a importância de sua mãe na sua carreira?
Bartoli - Minha mãe e eu somos muito próximas, e ela foi uma influência preponderante sobre mim como cantora, tendo sido minha única professora de canto -claro que, quando estava estudando na Academia de Santa Cecília, em Roma, eu tinha um professor, mas era minha mãe que realmente me ensinava tudo. Ainda somos muito próximas, ela me acompanha em minhas viagens e me dá muitos conselhos.
Folha - Quais seus passatempos prediletos?
Bartoli - Gosto de sair, ficar com os amigos e a família, ir ao teatro, ao cinema, ou, então, ficar em casa e cozinhar para todo mundo. Também uso meu tempo livre para aprender repertório novo, sem pressão de tempo.
Viajando, uso sempre meu tempo livre para ir a museus e conhecer os países que estou visitando. E também ir a concertos. Neste verão, passei um feriado em Salzburgo e fiquei muito impressionada com a ópera "Moisés e Aarão", de Schoenberg, regida por Pierre Boulez. Adoro Boulez e espero ter oportunidade de trabalhar com ele logo. Estamos pensando nisso.
Folha - Quais os papéis que você gostaria de cantar ou gravar?
Bartoli - Na próxima temporada, vou cantar "La Cenerentona", com regência de James Levine. Em algum ponto do futuro distante tentarei fazer "L'Italiana in Algeri" -quando me sentir pronta. Também gostaria de fazer Poppea, da ópera "L'Incoronazione di Poppea", de Monteverdi. Também estou interessada em explorar mais papéis bel canto do início do século 19, de Bellini e Donizetti. Quem sabe? Também estou interessada em Berlioz, de quem gosto muito, Ravel, Debussy... Estou para fazer o "Martírio de São Sebastião", de Debussy, em Berlim, com Abbado. Também planejo gravar com Chailly a nova edição revisada de "Il Turco in Italia", de Rossini. Como você vê, tenho muito a fazer!
Folha - O que você gosta de escutar? Algum cantor influenciou sua maneira de cantar?
Bartoli - Deus do céu! Interesso-me por todo tipo de música e repertório. Adoro piano, e gosto de escutar Andras Schiff, Alicia de Larrocha e também gente do passado, como Rodolph Serkin.
Gosto muito de música de câmera, música barroca e também música de hoje. Adoro um bom flamenco! Quanto aos cantores, interesso-me muito em escutar os grandes astros do passado, como Pertile, Schipa, Gigli ou Conchita Supervia. Acho que ela é uma das cantoras com as quais eu mais me pareço, junto com Victoria de los Angeles e Tereza Berganza.

Concerto: Cecilia Bartoli
Quando: hoje (série branca) e segunda (série azul), às 21h; domingo (série verde), às 16h
Onde: Teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 258-3616)
Preço: de R$ 80 a R$ 150 (estudantes pagam R$ 20, meia hora antes do início)

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