São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Ieltsin levanta e faz decreto contra comunistas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, já está de pé, após a cirurgia em que implantou cinco pontes coronárias, há três dias. Ele caminhou ao redor da sua cama, segundo o relato dos médicos, em uma recuperação considerada ótima.
O cardiologista norte-americano Michael DeBakey, 88, pioneiro das operações de ponte de safena, disse que os russos vão ver "um novo homem, um líder vigoroso".
"Voltei ao trabalho", disse comunicado do presidente emitido pelo Kremlin, a sede do governo.
DeBakey passou ao paciente restrições alimentares (Ieltsin terá de manter uma dieta com pouca gordura), mas poderá voltar a beber álcool brevemente -uma boa notícia para um presidente conhecido por seu apreço pela vodca. DeBakey disse que Ieltsin "não é um alcoólatra" e não terá problemas se beber moderadamente.
Ieltsin fez uma manobra política ao assinar um decreto que transforma o dia 7 de novembro no Dia do Acordo e Reconciliação. Até ontem, a data era feriado devido ao aniversário da revolução comunista de 1917.
O dia vai continuar sendo feriado, mas com outro motivo, "a fim de evitar confrontação no futuro, no interesse da unidade", segundo a exposição do decreto.
Desde a queda do comunismo na Rússia, o feriado de 7 de novembro perdeu quase toda a importância. Em vez de gigantescos desfiles militares com a presença dos homens mais poderosos da URSS, ontem apenas alguns milhares de militantes fizeram manifestações na Rússia e países vizinhos.
Em Moscou, a maior de todas as manifestações, o ato começou com o equipamento de som tocando o hino soviético, em desuso, e terminou com o hino da Internacional. A polícia calculou que 20 mil pessoas participaram.
O protesto foi liderado pelo ex-candidato neocomunista à Presidência, Guennadi Ziuganov, derrotado por Ieltsin no segundo turno. Ele disse que há duas possibilidades para a Rússia: "O caos total levando a uma ditadura sanguinária ou a união do proletariado para estabelecer vida normal".
Apesar da derrota eleitoral de Ziuganov, seu discurso neocomunista, cheio de apelos ao passado, empolga os russos. A agência "Interfax" publicou ontem pesquisa mostrando que 46% dos entrevistados acham que a revolução foi positiva, com opinião contrária de 33% -o resto não tem opinião sobre o regime que dominou o país por mais de 70 anos.

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