São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Tucano quinta-coluna

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A candidatura do deputado Wilson Campos (PSDB-PE) à presidência da Câmara incomoda FHC.
Isso não é novidade. A notícia é que já foi traçada uma estratégia para anular Wilson Campos no caso de o parlamentar pernambucano de 72 anos ficar mesmo irredutível na posição de candidato.
Campos, ex-senador e deputado em quarto mandato, é o candidato do chamado baixo clero da Câmara. "Baixo clero" é a expressão pejorativa usada para designar os parlamentares que pouco aparecem no noticiário.
São aqueles que só são bajulados pelo governo na hora das votações importantes.
Se eleito, Wilson Campos vai encaminhar um pedido de aumento de salário para os deputados. Além disso, apesar de pertencer ao PSDB, não revela qual é a sua posição a respeito da emenda da reeleição.
Campos não é, nem de longe, o candidato que FHC e seus assessores gostariam de ver presidindo a Câmara.
Ideológicos como são os deputados, o leitor deve imaginar, é possível que Wilson Campos tenha muitos votos no dia da eleição, em fevereiro. Talvez até o suficiente para se eleger.
É aí que entra a motoniveladora do governo. Por enquanto, Wilson Campos está sendo olimpicamente ignorado. O governo trabalha primeiro para conseguir um nome de consenso entre seus próprios aliados.
Três disputam a "nomeação" de predileto de FHC: o ministro Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) e os deputados Michel Temer (PMDB-SP) e Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Escolhido o nome para unificar as intenções do governo, o PSDB será instado a vetar a candidatura de Campos. Regimentalmente, a questão é uma incógnita.
O Regimento Interno da Câmara fala que podem haver candidaturas avulsas. Mas é omisso a respeito de uma bancada vetar o nome de um candidato de seu partido.
É essa a estratégia para derrubar Wilson Campos. A não ser que ele aceite compor. É esperar para ver.

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