São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Weffort diz que houve "equívoco"

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Cultura, Francisco Weffort, demonstrou irritação ontem no Rio ao falar sobre a divulgação da proposta para a criação da "Lei da Música".
Weffort disse ainda não ter lido a proposta apresentada pela comissão e afirmou que a reunião que haveria ontem no Rio foi cancelada porque "as pessoas (da comissão) perceberam que haviam cometido um engano" no encaminhamento da proposta.
"Designei essas pessoas para que elas elaborassem idéias e me apresentassem. Elas me apresentaram no dia 5 à tarde e no dia 6 eu leio no jornal? Houve um equívoco", disse o ministro, que criticou a Folha por estar, segundo ele, "fazendo tempestade em copo d'água".
Weffort participou pela manhã do seminário "O Financiamento da Cultura em Perspectiva Comparada: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Portugal e Brasil", organizado pela Secretaria Municipal da Cultura.
Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha.
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Folha - O senhor disse gostar do exemplo americano que prevê dedução integral das doações feitas por pessoas físicas à cultura no imposto de renda, mas um dos itens do projeto da "Lei da Música" prevê suspensão de incentivo fiscal a patrocinadores...
Francisco Weffort - Não existe projeto. Existe uma proposta que ainda não li. O que há é uma comissão que designei para a música e que elaborou sugestões, apresentadas dia 5 à tarde. Para que exista projeto é preciso primeiro que o ministro leia, segundo que o ministro apresente ao Conselho de Política Cultural, depois que o ministro encaminhe à Casa Civil da Presidência da República.
Folha - Mas há propostas, que estão nos jornais...
Weffort - Então converse com as pessoas que fizeram as propostas. Eu não fiz nenhuma.
Folha - E a reunião da comissão que haveria hoje, por que foi cancelada?
Weffort - Não houve reunião.
Folha - Por ordem do senhor?
Weffort - Não foi por determinação minha. É que as pessoas perceberam que haviam cometido um engano. Aparece como sendo proposta o que não é proposta.
Folha - Mas os membros da comissão cometeram um engano ao elaborar a proposta ou ao divulgar a proposta?
Weffort - No encaminhamento. Eu designei essas pessoas para que elas elaborassem idéias e me apresentassem. Elas me apresentaram no dia 5 à tarde. No dia 6 eu leio no jornal? Houve um equívoco.
Folha - E o que vai acontecer agora com a comissão?
Weffort - Não vai acontecer nada. A comissão foi feita para estudar e vai continuar estudando. Seu jornal está fazendo tempestade em copo d'água. Vocês deviam discutir as propostas com quem propôs.
Folha - A proposta foi apresentada à Folha pela presidente interina da comissão, Valéria Ribeiro Peixoto.
Weffort - Aquela moça é uma funcionária do Ministério, a única funcionária que temos na comissão. A comissão não tem pessoas do Ministério. Seu jornal não está respeitando as regras de funcionamento administrativo.
Folha - Há um prazo para apresentação da proposta?
Weffort - Não há prazo. É um assunto esgotado para mim, um assunto que me aborreceu muito porque acho que é exploração do jornal em relação a um trabalho sério que essa comissão vinha fazendo. Acabou. Era uma conversa que vinha se elaborando com toda seriedade e num determinado momento aparece um jornal e apresenta como se fosse uma proposta feita. A quem?
Folha - Mas há uma proposta apresentada ao senhor pela comissão.
Weffort - Não é verdade. Não tenho opinião nenhuma a dar. Este assunto para mim está encerrado.

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