São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996 |
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Deputado faz do DF capital das repúblicas Parlamentares dividem gastos e combatem solidão DANIELA PINHEIRO
Dessa união surgem "repúblicas" -no estilo daquelas de estudantes- em que cada um assume uma função para organizar a casa. "Precisa ter afinidade e intimidade com o outro", resume o deputado Aldo Arantes (PC do B-GO), 57, que mora com o colega Haroldo Lima (PC do B-BA), 57. Há cinco anos, a líder do PT na Câmara, Sandra Starling (MG), 52, vive com seu antecessor na função, Jaques Wagner (BA), 45. Por dormirem em quartos colados, eles passaram a se tratar de "vizinho". Wagner diz que a vantagem é mesmo a companhia. Mas, mesmo depois desses anos juntos, ainda existem problemas. "Ele demora horas para se aprontar e não sai do telefone, parece adolescente", diz ela. "A Sandra fumava muito. A casa ficava com cheiro de cigarro e os cinzeiros viviam cheios", rebate ele. Encangados Os deputados João Leão, 50, e Mário Negromonte, 46, têm muito em comum: são tucanos, baianos e inimigos políticos do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Moram juntos desde janeiro de 95. "Somos Cosme e Damião, a corda e a caçamba. Só andamos encangados", explica Leão. Na hora de pagar a despesas é que vem à tona o único desentendimento. "Mário não abre a mão para nada. É um pão-duro. A única coisa que ele compra para esta casa é um xampu para não cair o cabelo", reclama Leão. "Mentira, sou eu quem paga a empregada e o motorista. Ele implorou para que eu fosse morar com ele porque se sentia sozinho. Quando ele fica perturbando muito, eu ameaço arrumar minhas malas e ir para um hotel", ironiza Negromonte. A convivência também permite assaltos mútuos nos armários. "Ele pega minhas camisas, minhas gravatas, não quer nem saber", disse Leão. Já os deputados Ricardo Gomyde (PC do B-PR), 26, e Wolney Queiroz (PDT-PE), 22, passam noites jogando "War" no apartamento que ocupam. Há quem diga que eles consomem mais de duas latas de Nescau por semana. Caso clássico é o dos ex-deputados Ulysses Guimarães (ex-presidente da Câmara) e Nelson Carneiro (ambos já mortos), que viveram juntos por mais de dez anos. Até hoje corre a história de que, antes de dormir, eles se uniam por um barbante amarrado no dedão de cada um. Se um passasse mal à noite, o outro seria "acionado". Texto Anterior: O valor das verbas Próximo Texto: Parlamentar tem apartamento e passagem Índice |
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