São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996 |
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Medo do desgaste em BH leva Azeredo a reduzir participação em campanha
PAULO PEIXOTO
Existe preocupação dos coordenadores tucanos em preservar o governador mineiro -que é o articulador da candidatura de Martins-, tentando evitar que ele, o líder político do Estado, se desgaste com eventual derrota. No primeiro turno, quando o candidato tucano evitou o confronto com os adversários e viveu a fase do crescimento eleitoral, o governador participou intensamente da campanha. Azeredo fez corpo-a-corpo com Martins, subiu em palanques e foi presença marcante nos programas diários do horário eleitoral. A avaliação de um dos coordenadores da campanha do PSDB é que o segundo turno é um "tiroteio", no qual o governador não deve se intrometer para não se expor. Sumiço Azeredo agora raramente aparece fazendo campanha para Martins e sumiu do horário eleitoral. Sua última aparição foi há uma semana, quando a Executiva Nacional do PSDB promoveu uma reunião em Belo Horizonte, na tentativa de empurrar a candidatura de Martins. Nesse dia, Azeredo disse que se tratava de uma "disputa difícil", mas ainda acreditava na "arrancada final para uma reviravolta". Os coordenadores tucanos afirmam que, apesar de o governador ser o principal líder do partido e o tucano com maior prestígio junto ao eleitorado de Belo Horizonte, seu reduto, a campanha não perdeu nada com seu "sumiço". Consideram que a identificação da candidatura de Martins com Azeredo foi bem assimilada no primeiro turno, quando era intensa a participação do governador. "Carne podre" O coordenador político da campanha do socialista Célio de Castro, Antônio Faria, ironizou o desaparecimento de Azeredo, afirmando que o governador "não quer salgar carne podre" e diminuir seu prestígio na cidade. Segundo Faria, é "indiferente" para o PSB Azeredo estar ou não ativo na campanha. Os tucanos batem forte em Castro na esperança de reduzir a diferença que os separa do socialista: 48 pontos percentuais, segundo pesquisa Datafolha -o tucano tem 19% das intenções de voto, contra 67% de Célio de Castro. As declarações de Castro defendendo a descriminação do aborto e da maconha funcionaram como senha para os tucanos atacarem. Eles tentam atingir Castro com acusações do tipo "ele afronta Deus", "dá um murro na cara da família de Belo Horizonte" e "esmurra a Bíblia". "O momento é de comparação", diz Martins, justificando o tom de seus programas. Os tucanos admitem o risco de os ataques terem efeito inverso, mas não vêem alternativa para tentar provocar o eleitorado e diminuir a diferença. Castro acusa o tucano de ter cometido "fraude eleitoral", de deturpar declarações e lançar mão de "métodos covardes". Texto Anterior: Ex-secretário de Luiza Erundina enfrenta o PT Próximo Texto: PDT e PT aumentam a troca de acusações no horário da TV Índice |
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