São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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Pitta foge de polêmica e descarta reviravolta

Setores do PPB temem poder de aliados no provável governo

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Evitar polêmica e administrar a vantagem, que julga irreversível. Eis a receita do PPB para os últimos dias de campanha de Celso Pitta à Prefeitura de São Paulo.
"O ideal seria dormir e acordar só no dia da eleição, mas não dá", afirma o publicitário Nelson Biondi, definindo a vontade do malufismo.
O desejo de "congelar" a situação é tanto que, pela primeira vez em muitos anos, os partidários do atual prefeito paulistano ensaiam um braço-de-ferro com a Rede Globo.
O raciocínio dos estrategistas de Pitta é simples e lógico: o debate, hoje, em emissora com grande audiência só favorece quem está atrás na corrida eleitoral.
Por isso, o PPB anuncia que seu candidato não comparecerá ao debate agendado pela Globo para a próxima terça-feira.
Embora até a noite de anteontem não houvesse uma decisão, o malufismo estuda ainda a possibilidade de entrar na Justiça para tentar impedir a anunciada entrevista que Erundina concederia durante o tempo reservado ao debate, segundo disposição anunciada pela Globo, caso Pitta não aceite o convite para discutir com sua adversária.
Pesquisas
A insistência da Globo em realizar o debate é a única preocupação agora do comando da campanha de Pitta.
A área de marketing, abastecida diariamente com pesquisas bancadas pelo cofre pepebista, trabalha com a certeza de que não há mais possibilidade de uma virada petista em São Paulo.
"Nós vamos tentar apresentar nos últimos dias de TV propostas para transporte e alguma outra área que precise ser reforçada", afirma Biondi.
Outra parte do espaço será dedicada à "guerra dos debates". O malufismo, para combater a provável presença solitária de Erundina na Globo, vai insistir na quase certa ausência da petista em evento do tipo programado para o mesmo dia na Rede Bandeirantes. "O PT fugiu do debate" será o mote.
Secretariado
Tranquilo quanto ao resultado mais provável da eleição paulistana, o prefeito Paulo Maluf está administrando o tema que hoje mais agita seus seguidores: a formação do quase certo secretariado de Pitta.
Maluf abafou a discussão sobre nomes desde que vazou a informação que garantira quatro postos de primeiro escalão ao coligado PFL.
A informação gerou insatisfação em parte do PPB, que teme ser preterida na hora da composição de um provável governo. Motivo para preocupação existe.
Nas negociações que garantiram apoios ou até neutralidade no segundo turno, Maluf e seus articuladores prometeram recompensas futuras ou "participação efetiva" na administração Pitta.
O problema é que hoje há adesão e aval demais para pouco poder a ser partilhado.

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