São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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Novos fundos fechados reúnem R$ 1 bi

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Procuram-se as futuras "blue chips" das Bolsas brasileiras no século 21 -que não está tão longe.
Nos últimos meses, um grupo de financistas e investidores reuniu-se em diversas frentes e juntou uma bolada em torno de R$ 1 bilhão. Eles querem tornar-se sócios de empresários com bons negócios e muita vontade de crescer.
A idéia é comprar participações minoritárias para "esquentar" empresas que possam, numa segunda etapa, buscar mais capital nas Bolsas de Valores.
Dois tipos de fundos fechados de investimento em empresas pouco ou nada conhecidas estão sendo criados no país. São os fundos de "private equity", direcionados para empresas já estabelecidas e de porte razoável, e os "small cap funds", destinados a comprar pedaços de companhias emergentes.
Garantindo o futuro
Os fundos emergentes estão aflorando em vários Estados, com capital de R$ 25 milhões a R$ 40 milhões cada um.
Somando-se o dinheiro envolvido nas iniciativas já conhecidas nos dois tipos de fundos, chega-se a R$ 1 bilhão.
O dinheiro, nos dois casos, vem dos grandes investidores institucionais. Gente como os fundos de pensão, com patrimônio de R$ 65 bilhões e que precisam compensar nas Bolsas a queda dos juros.
Esses gigantes temem que, se não surgirem novas empresas abertas, as opções interessantes de investimento ficarão muito restritas no futuro. O mercado, hoje, já é muito concentrado: quase 90% dos negócios em Bolsa envolvem ações de apenas nove companhias. Somente a Telebrás abocanha 68% do mercado paulista.
"Fomentar empresas é fundamental para o crescimento do mercado de capitais", diz o vice-presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), Raimundo Magliano Filho.
A própria Bovespa colocou R$ 1 milhão no fundo do Garantia e R$ 1,25 milhão no fundo de empresas emergentes de Santa Catarina, criado pelo Banco Fator. A idéia é alargar a base de empresas abertas. Hoje há só 449 companhias listadas na Bovespa, numa clara tendência de queda (ver gráfico).
Como ninguém além das Bolsas investe somente pensando no que é bom para o mercado, as oportunidades de lucro também movem a constituição dos novos fundos.
"As ações já cotadas em Bolsa dão aos investidores oportunidades de ganho mais ou menos iguais para todo mundo. Os fundos emergentes e os de 'private equity' oferecem a possibilidade de se detectarem novas empresas que possam dar mais retorno que a média do mercado", conclui Magliano.

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