São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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É PRECISO MAIS

A grande marca do governo de Fernando Henrique Cardoso continua sendo o Real. Graças ao plano, o país saiu de um longo período de inflação crescente e convive, há dois anos, com algo que se tornou precioso para o país: a estabilidade. Em seu nome, o crescimento econômico foi contido, e muitas medidas -principalmente ligadas à área social- tiveram de ser adiadas.
O cirurgião Adib Jatene deixou dias atrás a pasta da Saúde alertando que, em 1997, o setor enfrentará sérios problemas de caixa. Segundo o agora ex-ministro, os R$ 6 bilhões que devem ser arrecadados no próximo ano com a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), em vez de financiar ações diretas na área, terão de ser utilizados para cobrir o atual rombo no orçamento. O objeto de sua luta por mais verbas teria se transformado em apenas mais uma fonte de recursos tapa-buraco.
O alerta de Jatene deve contribuir fortemente para que o governo federal se conscientize de sua grande responsabilidade para os dois últimos anos da gestão Fernando Henrique Cardoso: atacar de frente os problemas sociais do país. Se a estabilidade da moeda ganhou contornos de patrimônio, é mais do que chegada a hora de ampliar os planos de ação, principalmente para a ainda carente área da saúde.
A discussão sobre a CPMF colocou novamente nos ombros do cidadão, cético quanto à eficiência na utilização do dinheiro público, a tarefa de custear programas para a saúde. A transformação do novo imposto em simples recurso para cumprir obrigações referentes à administração do sistema, sem melhorias significativas para o setor, aumentará a frustração diante dos tímidos resultados do atual governo na área social.
A estabilidade do real já foi absorvida pela população, que passou a ver a moeda como um bem nacional. Mas é preciso mais. Na área da saúde, principalmente, é importante que um avanço ocorra já em 97.

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