São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996 |
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VOTO FEMININO A despeito do pouco interesse despertado entre os próprios norte-americanos pela campanha presidencial (a abstenção de 51% dos eleitores foi a mais alta desde 1924), há pelo menos um aspecto dessas eleições que merece ser destacado, e cuja importância transcende as próprias fronteiras dos EUA. Trata-se da decisiva e surpreendente influência do eleitorado feminino nos resultados finais. Entre os eleitores homens, os números obtidos por Clinton e Dole são bastante próximos. Entretanto, 54% das mulheres manifestaram preferência pelo atual presidente, e apenas 37% votaram no republicano. Além disso, pela quinta vez consecutiva, a participação feminina no pleito foi maior que a masculina (54% contra 37%). São dados expressivos, que confirmam com eloquência uma tendência mundial de progressiva inserção das mulheres na atividade política. Mas não apenas isso. O momento atual indica que, muitas décadas após a árdua conquista do direito feminino ao voto, essa importante parcela do eleitorado carece agora de algo mais. As mulheres têm demonstrado que querem ver, nas plataformas dos candidatos a postos eletivos, propostas relativas às demandas que se relacionam mais especificamente com a condição feminina. A opção das eleitoras por Clinton aparentemente se deve, entre outros temas, à sua posição claramente favorável ao direito ao aborto. Programas previdenciários, segurança, educação e meio ambiente, assuntos particularmente caros ao público feminino norte-americano, também estiveram presentes em boa parte dos pronunciamentos do presidente na campanha deste ano. Enquanto isso, o senador Bob Dole tentou captar essa fatia do eleitorado fazendo uso, por exemplo, dos tradicionais apelos aos chamados "valores familiares". Ao que tudo indica, as mulheres disseram que isso, atualmente, é pouco. Texto Anterior: É PRECISO MAIS Próximo Texto: Jatene, a saúde e o déficit Índice |
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