São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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Oficina quer receber mais da indústria

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Garantias de até cinco anos oferecidas pelos fabricantes de televisores podem quebrar as oficinas técnicas autorizadas, temem as empresas do setor.
Mitsubishi, Toshiba, Sanyo, CCE, Cineral são algumas das marcas que oferecem garantias superiores a três anos para as linhas de televisores.
Segundo o presidente da Abrasa (Associação Brasileira das Entidades Representantivas do Serviço Autorizado), Gilberto Mensório, o baixo valor pago pelos serviços dentro da garantia inviabiliza o funcionamento das autorizadas.
Pesquisa da Abrasa mostra que as fábricas pagam em média US$ 8,50 pelo conserto de um produto na garantia. O custo médio das oficinas seria de US$ 39.
Mensório teme que o serviço prestado aos consumidores piore com essa política.
"Acho que essa estratégia pode gerar um mercado paralelo, no qual algumas empresas vão cobrar 'por fora' do cliente para conseguir sobreviver", disse Mensório.
Novos hábitos
Para o coordenador da Rede Nacional de Serviços Autorizados da Philco, Amado Lattanzi, é difícil escapar das garantias mais longas.
Segundo ele, essa é uma exigência dos consumidores brasileiros. "Oferecer só um produto de qualidade não é suficiente", acredita.
Lattanzi, no entanto, duvida que o prolongamento das garantias possa contribuir para prejudicar as oficinas técnicas autorizadas.
"O problema do setor está ligado a mudanças nos hábitos de consumo. Os preços dos produtos caíram e as pessoas preferem comprar um produto novo a mandar um velho para o conserto."
Mesmo assim, afirma Lattanzi, a Philco criou taxas escalonadas para não inviabilizar sua rede de assistência técnica.
No primeiro ano de garantia, a Philco paga R$ 9,70 por serviço. A taxa sobe para R$ 19 no segundo e chega a R$ 26 no terceiro.
O diretor de Comunicação da Evadin, Jairo Siwek, também não acredita que as garantias longas gerem problemas às oficinas autorizadas.
Em dezembro, fabricantes e autorizadas se reúnem em uma convenção para discutir alternativas para o setor.

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