São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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BC não explica venda de títulos

GUSTAVO PATÚ; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento solicitado pelo PT chega às mãos de Suplicy

O Banco Central deixou de responder diretamente a 7 das 11 perguntas formuladas pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre supostas operações irregulares autorizadas pelo prefeito eleito de São Paulo, Celso Pitta (PPB).
Somente ontem se tornou público o documento do BC, pronto desde a última quarta-feira.
As respostas do Banco Central, porém, praticamente nada acrescentam à discussão sobre as compras e vendas de títulos municipais quando Pitta ocupava a Secretaria de Finanças (1993-1996).
Só no final de 1994, a prefeitura paulistana vendeu esses papéis ao mercado por R$ 51,7 milhões. No mesmo dia, recomprou-os por R$ 53,4 milhões.
O BC afirma que não concluiu até agora se as operações foram mesmo irregulares, embora confirme que as transações datam de 94 e 95. Ou seja, existem investigações que devem estar sendo feitas há dois anos.
Outras perguntas de Suplicy foram ignoradas pelo BC. O senador descreve uma operação com títulos e pergunta se o BC detectou transações semelhantes -com o pedido de, no caso de resposta afirmativa, que as transações sejam listadas.
Mesmo reafirmando ter detectado operações semelhantes, o BC não fornece nenhum exemplo.
As evasivas do BC chegam a ser contraditórias nas respostas a três perguntas feitas pelo senador Gilberto Miranda (PMDB-AM), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O documento também se refere ao caso Pitta e apareceu ontem.
Miranda pergunta que outras prefeituras teriam autorizado operações com títulos que causaram prejuízo. Repetindo palavra por palavra a resposta dada a Suplicy, o BC diz apenas que está investigando "várias" prefeituras.
Na pergunta seguinte, Miranda quer saber se governos estaduais concederam autorizações semelhantes. "Informo que não é do conhecimento deste Banco Central qualquer autorização de governos ou prefeituras para a realização de operações dessa natureza", diz o BC.
Representação
Suplicy disse ontem que o presidente do seu partido, José Dirceu, vai entrar com uma representação contra o senador Odacir Soares (PFL-RO), 1º secretário do Senado, junto à Corregedoria da Casa.
Soares levou na quarta-feira para Rondônia o documento do BC. Suplicy passou a quarta, quinta e sexta-feira passadas tentando, em vão, obter uma nova cópia.
Novo pedido
Suplicy disse ontem que as respostas do BC foram "evasivas" e anunciou que vai encaminhar novo pedido de informações.
Apesar disso, o petista disse que uma delas mostra "que Pitta e a Prefeitura de São Paulo faltaram com a verdade".
O BC, segundo o documento enviado ao Senado, diz que a prefeitura paulistana ficou com os títulos municipais de São Paulo, vendidos à distribuidora Contrato, em 1º de dezembro de 94, por R$ 51,7 milhões. Segundo Suplicy, Pitta teria dito que a Contrato havia ficado com os títulos.

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