São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Cães descobrem túnel em DP de SP

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O latido insistente de dois cães vira-latas às 8h de ontem permitiu à polícia descobrir um túnel de seis metros de comprimento e com iluminação artificial feito por presos do 9º DP, no Carandiru (zona norte de São Paulo).
"Juca", de 11 anos, e sua filha "Pantera", de 9 anos, moram na sede da 1ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar. O quartel, que fica nos fundos do distrito policial, é comandado pelo dono dos cães, o capitão Samuel Pizarro de Oliveira, 41.
Ontem de manhã, o oficial estacionou seu carro no pátio do quartel. "Eles sempre fazem festa quando eu chego. Sobem no carro, arranham a porta, mas, dessa vez, ficaram latindo para o chão", disse o capitão.
O policial saiu do carro e chamou os cachorros, mas eles não o atenderam. Oliveira foi em direção aos cães ver o que estava acontecendo. "Vi um pequeno buraco no concreto, peguei um arame e enfiei no buraco."
O arame sumiu na abertura. Então, o capitão diz ter pego uma vareta. "Ela desceu quase um metro. Então percebi que havia um túnel", disse.
Cela 5
Há dez dias, os policiais do 9º DP haviam encontrado um túnel que começava na latrina da cela 5, que foi interditada. A terra estava sendo posta em sacos plásticos, o que chamou a atenção dos carcereiros.
Os presos foram distribuídos pelas outras celas. Dez deles foram mandados ao presídio de Assis (SP). Mas os presos da cela 4 teriam aberto um buraco na parede da cela 5 e continuado a cavar o túnel.
Para tanto, eles contavam com uma lâmpada elétrica dentro do buraco. A fiação dentro do túnel era protegida por sacos de lixo para evitar que os detentos levassem choques na escavação.
Uma parte do túnel estava alagada por causa de um vazamento no encanamento da delegacia, que ontem abrigava 110 presos em quatro celas -a maioria traficantes, assaltantes e homicidas.
Após a descoberta da parte externa do túnel, o cimento que o recobria foi quebrado, e o buraco fechado com concreto à tarde.
Presente
O capitão ganhou "Juca" de um soldado quando trabalhava em Ribeirão Preto. "Foi um presente para minha mulher."
Oliveira e a mulher moram em apartamento. Por isso, os cães vivem no quartel. "Só em alguns fins-de-semana eu os levo para casa", disse Oliveira.

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