São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Ash

CAMILO ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O primeiro disco do Ash, trio irlandês radicado na Inglaterra, começa muito bem. "Lose Control" é um instrumental turbinado que arrasta tudo que vê pela frente.
Mas já na altura da terceira faixa fica bem claro que não há tantos motivos assim para excitação. Estamos diante do Green Day do britpop, com tudo de bom e ruim que isso significa.
As referências explícitas ao punk inglês clássico dos Buzzcocks vão satisfazer quem está atrás simplesmente de distorção melódica em alto e bom som.
Mas não há como negar que o Ash é só mais uma banda pinçando um período específico de glória do rock (e o título do CD acaba com quaisquer dúvidas sobre qual período) e o reproduzindo para o ouvinte dos 90 -tanto o nostálgico quanto aquele que não conhece a fonte original.
Tome como exemplos a semibalada "Oh Yeah" (o grande hit na Inglaterra), a apressada e engraçadinha "Kung Fu" (Ramones puro) ou a cacetada experimental de "Darkside Lightside". É competente, certinho, bem-feito, funcionando como deve.
Mas já foi visto e ouvido antes tantas vezes que dificilmente vai deixar impressões duradouras. Como fizeram Buzzcocks ou Ramones em 77.
E o Ash é sintomático da praga "commercial alternative" que infesta o rock. A história é assim: nos EUA, Nirvana abriu caminho a nova safra underground legal.
O problema é que se seguiu uma fórmula que banalizou e embalou para viagem o radicalismo e as mudanças que o Nirvana trazia com bandas tipo Stone Temple Pilots, Silverchair etc.
Na Inglaterra, desbravamento equivalente foi feito pela trinca Blur/Oasis/Pulp. Agora tome seus derivados: bandas inofensivas como Cast, Deep Blue Something, Kula Shaker e Ash.

Disco: 1977
Grupo: Ash
Lançamento: Wea
Preço: R$ 20, em média

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