São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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DE NOVO NA OPOSIÇÃO

DE NOVO NA OPOSIÇÃO

Antes das eleições municipais de 1988, o maior desafio do Partido dos Trabalhadores era provar ser uma real alternativa de poder. Naquele ano, depois de uma tradição oposicionista, o partido conheceu a vitória em muitos e importantes municípios, confirmada, aliás, em 92. Mas boa parte dessa conquista foi perdida na noite da última sexta-feira.
Conhecidos os resultados das eleições deste ano, ficou claro que o PT não conseguiu confirmar em 15 de novembro o crescimento que a distribuição de votos sinalizara em 3 de outubro. Foram 9 derrotas em 11 disputas no segundo turno.
No Estado de São Paulo, o partido já havia administrado algumas das principais cidades: São Paulo, Santos, Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São Bernardo do Campo, Diadema. Em nenhuma delas houve vitória petista neste ano, e o partido está novamente na oposição. O PT conserva trunfos, como Porto Alegre, mas, ao menos em território paulista, a experiência petista de administração não foi suficiente para garantir permanência no poder.
Esse resultado se explica em grande parte por dois problemas: divergências internas e a dificuldade em fazer alianças. O primeiro causou derrotas como a de Santos, que o partido já administrava havia oito anos com considerável aceitação popular. O segundo foi o principal responsável por fracassos como o de Belo Horizonte, onde a relutância em apoiar uma chapa liderada pelo vice-prefeito Célio de Castro (PSB) tirou os petistas do segundo turno.
Em meio à fraqueza do PT na reta final das eleições, o PSB -ainda sem uma liderança nacional de grande influência nem um programa que o diferencie- tenta conquistar espaço na chamada esquerda brasileira.
O PT, além de necessitar de maior maturidade política, deve estabelecer um projeto, algo que o identifique novamente junto ao eleitor como alternativa de poder. Caso contrário, retornará à posição de legenda puramente oposicionista, com membros que se unem em torno das críticas, mas se dividem nas realizações.

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