São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Réu usa Bodega como defesa

DA REPORTAGEM LOCAL

O caso do bar Bodega, em que acusados foram soltos alegando ter confessado sob tortura policial, foi usado pelo advogado Carlos Alberto Doria para pedir a absolvição de seu cliente, Francisco Rosa Soares, 39, acusado de ter roubado uma Mercedes.
O inquérito do caso foi presidido pelo delegado João Lopes Filho, o mesmo que prendeu os suspeitos pelo crime no bar.
Os argumentos da defesa foram considerados inconsistentes pelo juiz Tércio Pires, da 14ª Vara Criminal de São Paulo, que ontem condenou Soares a seis anos e oito meses de prisão.
No processo, o advogado juntou recortes de jornais relatando a libertação dos acusados no caso Bodega e sustentou que o delegado induziu Ana Maria Sant'Anna, dona da Mercedes, a reconhecer Soares como o autor do crime.
Ela identificou Soares isoladamente, apesar de o Código de Processo Penal recomendar que sejam enfileiradas cinco pessoas no reconhecimento.
O juiz afirmou em sua sentença que o "equívoco investigatório" do delegado no outro caso ocorre com frequência na polícia e na Justiça.
"Os responsáveis pela ordem pública, bem como os operadores do direito, são seres humanos suscetíveis de lapsos."
Para o juiz, não se deve atribuir ao caso "cunho genérico", desqualificando todos os atos da vida profissional do delegado Lopes Filho.
Sobre o reconhecimento, disse que o código prevê o enfileiramento "quando possível" e que a vítima voltou a identificar Soares na Justiça.
O advogado Carlos Alberto Doria e o delegado João Lopes Filho não foram localizados.

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