São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996 |
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Chomsky critica capitalismo e marxismo
CRISTINA GRILLO
"Só existe sociedade capitalista no Terceiro Mundo. Os ricos precisam da proteção do Estado e por isso não permitiriam a existência de uma sociedade capitalista. Para o Terceiro Mundo, o Primeiro Mundo dá o neoliberalismo", disse Chomsky. Para o linguista, o princípio da democracia norte-americana é evitar que "vírus como o de Allende" (presidente do Chile morto em 1973) se espalhem e "infectem outros países". "O aspecto básico da 'onda democrática' norte-americana e de sua pregação em favor do livre comércio é defender e proteger 'nossas' matérias-primas, não importa em que países elas estejam", afirmou o pensador. Para isso, disse Chomsky, os Estados Unidos criam acordos comerciais que impeçam "perigos" como processos de real democratização. Por conta desse tipo de acordos, explicou Chomsky, o governo norte-americano não ficaria preocupado caso um líder de esquerda fosse eleito no Brasil. "A grande meta do neoliberalismo é eliminar a democracia, eliminando as opções democráticas e aumentando o espaço para decisões das tiranias privadas. Por isso, um governante de esquerda aqui não teria nenhum poder e não preocuparia os Estados Unidos." A aproximação de intelectuais ao neoliberalismo é vista, por isso, com desconfiança por Chomsky. Chomsky criticou também o culto ao marxismo. "Marx não era deus e também cometeu seus erros. Em seus trabalhos, ele falou pouco do socialismo. O que se esquece hoje é que, na verdade, Marx era um teórico do capitalismo do século 19", afirmou. Texto Anterior: Sílvio Lancellotti lança livro de molhos Próximo Texto: Violência move 'Asas em Torno' Índice |
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