São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996 |
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Violência move 'Asas em Torno' Cotidiano brasiliense é mostrado CYNARA MENEZES
O fato é real: a imagem da santa que dá nome à cidade-satélite de Santa Maria, uma das mais pobres da capital federal, apareceu um dia sem a cabeça e crivada de balas. A música é do grupo de rap Câmbio Negro, também de uma cidade-satélite violenta, Ceilândia. Grafiteiros da mesma cidade fizeram o cenário. A coreógrafa Norma Lillia, que dirige o espetáculo, buscou incorporar outros elementos da vida dos estudantes de Santa Maria: o hip hop, o "tchan" e até os "baculejos" (revistas policiais) que os meninos sofrem nas paradas de ônibus. Na estréia hoje no Teatro Nacional, a cabeça da santa é levada por um garoto que quer dá-la de presente à namorada. "A idéia é dar um alerta, mostrar como a violência faz parte do dia-a-dia deles", diz o diretor de produção, Genilson Pulcinelli. Tanto é verdade que, nos bastidores, novas histórias foram surgindo para ilustrar o triste folclore da cidade, onde os moradores evitam sair de casa depois das 20h. Como a história de duas garotas do elenco -selecionado entre mais de 12 mil estudantes da rede pública- que faltaram aos ensaios duas vezes. A primeira para enterrar o pai que havia morrido em um acidente. A segunda, para desenterrá-lo, porque o corpo havia sido trocado no IML. O espetáculo custou cerca de R$ 115 mil, arrecadados em doações de instituições privadas e públicas. Amanhã à noite, poderá ser visto pelo público com renda revertida para o Unicef. Depois de Brasília, o Unicef quer levar a "ópera rap" dos garotos de Santa Maria a pelo menos outras 15 cidades brasileiras. Texto Anterior: Chomsky critica capitalismo e marxismo Próximo Texto: Gershwin ganham dois anos de homenagens Índice |
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