São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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A casa rica e o ônibus velho

VALDO CRUZ

Brasília - Comentário irônico de um governista sobre a notícia de que o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, vai alugar uma casa em Brasília para montar um escritório contra a reeleição de Fernando Henrique Cardoso:
"Se você tivesse que escolher uma casa para visitar, no dia de votar a reeleição, qual você preferiria: o Palácio da Alvorada ou uma casa no Lago Sul (bairro nobre de Brasília)?"
O próprio governista responde, com uma risada, que até parlamentares do PPB de Maluf vão acabar tomando o rumo da residência oficial da Presidência da República, onde FHC quer permanecer por oito anos.
Em outras palavras, os aliados do presidente estão seguros de que os deputados e senadores, na hora de decidir o seu voto contra ou a favor da reeleição, vão procurar quem tem mais a oferecer.
E, hoje, FHC tem nas mãos a caneta dourada que nomeia e libera verbas. Não que Maluf esteja de mãos abanando, mas o seu arsenal não se compara ao do presidente.
Até o final do ano, a ordem entre tucanos e pefelistas é deixar Paulo Maluf continuar falando, e muito, contra a reeleição. Enquanto isso, eles continuariam trabalhando em silêncio, preparando o terreno para a votação em janeiro.
Na verdade, o próprio Maluf sabe que tem remotas chances de barrar a reeleição. Mas tudo o que ele deseja é exatamente o que os governistas comentam: que os parlamentares tomem o rumo do Palácio da Alvorada na hora de negociar o voto na reeleição.
Com isso, acredita, ele vai conseguir desgastar a imagem de FHC, empurrando-o para o jogo do fisiologismo. Uma arma a ser utilizada na campanha presidencial de 98.
Em tempo: o deputado Delfim Netto (PPB-SP) manda um recado para os governistas. Maluf não vai alugar nenhuma casa em Brasília. Se seguir o seu conselho, vai é comprar um ônibus velho, com uma cama para dormir, e viajar pelo país afora.

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