São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Salários sobem e desemprego fica estável

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de desemprego na Grande São Paulo ficou estável em outubro -14,8% da PEA (População Economicamente Ativa)-, a mesma de setembro, segundo pesquisa Seade/Dieese. O rendimento médio apurado cresceu 2,1%, em setembro, comparado a agosto.
A expectativa dos responsáveis pelo levantamento era que o desemprego caísse em outubro, já que esse é um período em que as indústrias e as empresas de serviço contratam para atender ao aumento da demanda de final de ano.
O índice de 14,8% -1,266 milhão de pessoas- é maior que o registrado pelo Seade/Dieese em outubro de 95, quando a taxa foi de 13,4% (1,102 milhão de pessoas).
Importados
A explicação para a estabilidade do desemprego é dada em grande medida pela maior presença dos importados no mercado nacional.
"A economia se aqueceu nos últimos meses, mas a importação está mais aquecida ainda, o que de certa forma significa aumento do desemprego", diz Pedro Paulo Martoni Branco, diretor do Seade.
Na avaliação de Martoni Branco, o ano de 96 deve fechar com uma taxa média de desemprego acima de 14% da PEA. No ano passado, a média foi de 13,2%.
Além disso, diz ele, segue crescendo o número de pessoas que trabalham sem carteira assinada e em empregos com menores garantias e benefícios.
Rendimentos
A boa notícia da pesquisa divulgada ontem em conjunto pelo Seade e o Dieese diz respeito aos rendimentos dos assalariados e das pessoas ocupadas.
Produtividade
Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese, diz que os índices de inflação anual em queda abrem espaço para o rendimento médio crescer mais.
"Porém, depois que a inflação parar de cair, o rendimento deve se manter estável, e só crescerá -mais lentamente- com os ganhos de produtividade", avalia.
Martoni Branco, do Seade, concorda com essa avaliação e classifica o atual nível dos salários e rendimentos como "estruturalmente determinado".
Isso significa, avalia, que o rendimento crescerá de forma mais consistente somente depois de o governo superar a atual política de controlar a inflação com real valorizado e abertura comercial.
"Com a âncora cambial mantendo o plano, os salários não têm espaço para crescer", diz Martoni Branco.

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