São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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'Desiludido' decide aderir às demissões

Indenização vai ser usada para criar empresa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dizendo estar desiludido com o serviço público, o agente administrativo Raymundo Neves Lobo, 65, foi um dos primeiros funcionários públicos a anunciar sua adesão ao PDV (Programa de Desligamento Voluntário) do governo federal.
No momento em que o ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração) visitava a central de atendimento sobre o PDV, Lobo foi à seção para conferir qual seria sua indenização.
Com 41 anos "e uns quebrados" de trabalho no antigo Ministério de Viação e Obras e no DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), ele espera receber cerca de R$ 100 mil. Seu salário hoje é de R$ 1.200.
Mas, segundo ele, o dinheiro não foi o maior estímulo para sua decisão de deixar o emprego.
"Não tenho mais esperanças no serviço público. Hoje só vale a pena para os jovens", disse.
Lobo contou que começou a pensar em deixar o serviço público há seis anos, quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello transferiu o DNER do Rio de Janeiro para Brasília.
"Fomos obrigados a nos mudar em 30 dias", disse. Divorciado e pai de três filhos, Lobo deixou a família no Rio.
Com o dinheiro do PDV pretende montar uma empresa de acompanhamento de processos no órgão que está deixando. Prevê com isso ter um rendimento mensal maior. "Deve dar entre R$ 1.500 e R$ 2.500", avalia.
Depois de visitar a central de atendimento sobre o PDV, o ministro Bresser disse que só vai divulgar os números da adesão ao programa dentro de 15 dias.
Quem aderir até o dia 5 de dezembro ganha 25% a mais de indenização. Adesões do dia 6 ao dia 12 têm acréscimo de 5%. Após esse período, não há bônus.

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