São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Secretário quer que PM cobre mais caro

ROGERIO SCHLEGEL

ROGERIO SCHLEGEL; RUI NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Afonso da Silva acha que valor que PM passou a pedir para atuar em eventos como shows e jogos ainda é baixo

RUI NOGUEIRA
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, pretende aumentar o valor que a PM passou a cobrar este mês para fazer a segurança interna em jogos de futebol, shows e outros eventos com fins lucrativos.
Afonso informou ontem, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que considera "justa" a cobrança por esse tipo de policiamento, fixada pelo Comando Geral da PM e criada por leis aprovadas pela Assembléia Legislativa.
Para o deputado federal Hélio Bicudo (PT-SP), a cobrança é absurda. "É inconstitucional cobrar pelo cumprimento de uma atribuição prevista na Constituição. A PM tem obrigação de fazer o policiamento preventivo, mesmo que a aglomeração de pessoas aconteça em um evento privado", disse.
Advogados ouvidos pela Folha avaliam que a cobrança é legal. "Não se trata de cobrar pelo policiamento ostensivo, mas por um serviço excepcional", afirmou Manuel Ferreira Filho.
O Ministério da Justiça apóia a cobrança, mas teme que isso aumente -e muito- o contingente de seguranças privados, hoje estimado em 500 mil homens no país.
Agora, fica a cargo do promotor do evento decidir se contrata a PM, uma empresa privada ou mesmo ninguém para fazer a segurança interna do estádio, ginásio ou casa de espetáculo. A PM continuará fazendo o policiamento gratuito do lado de fora.
Segundo o general Gilberto Serra, que dirige a Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública, ligada ao ministério, "isso exige reforço na ação da PF (Polícia Federal) no controle das empresas de segurança privada".
Walter Fonseca, 50, dono da Fonseca Segurança e Vigilância (antiga Fonseca's Gang), diz que a procura por empresas de segurança vai aumentar, mas os organizadores devem dar preferência à PM.
Valor baixo
O secretário José Afonso da Silva quer aumentar o valor fixado pela PM por considerá-lo baixo em comparação com outros países.
Cada PM destacado custa duas Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), ou R$ 15,40, se trabalhar até seis horas. Se a jornada for maior, o custo terá seu valor dobrado.
As empresas de segurança privada cobram em geral de R$ 30 a R$ 50 por homem.
No megashow de Madonna no Morumbi, há três anos, 300 PMs atuaram dentro do estádio, o que representaria hoje um custo de R$ 9.240. Na ocasião, o aluguel do estádio saiu por US$ 80 mil, e a suíte de Ceasar Park em que ficou a cantora tinha diária de US$ 2.500.

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