São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Freed foi gênio do musical

INÁCIO ARAUJO
FREED FOI GÊNIO DO MUSICAL

O filme musical teve, essencialmente, dois grandes momentos.
O primeiro surgiu praticamente com o cinema sonoro: mesmo que "O Cantor de Jazz" (1927) não fosse o modelo que se impôs nos anos seguintes, este filme inaugural é a biografia de um jovem de família rabínica que troca o canto religioso pelo jazz.
A seguir, o gênero cresceu baseado em uma convenção quase invariável: as histórias que se passam nos bastidores do mundo dos espetáculos.
É nesse momento, anos 30, que surgem os primeiros artistas que darão importância ao gênero.
No setor direção, Busby Berkeley impõe uma câmera móvel. Fred Astaire impõe ao bailado uma elegância e uma discrição soberbas.
Os anos 30 se caracterizam por certa pulverização do gênero. Praticamente todos os grandes estúdios abordaram o musical e tiveram estrelas importantes sob contrato.
É nesse momento que surge a dupla Ginger Rogers/Fred Astaire, na RKO, Judy Garland, como estrela da Metro, e Berkeley, na Fox.
Após a Segunda Guerra o musical conhece seu segundo e último momento de glória. A Metro praticamente monopoliza o gênero, graças ao produtor Arthur Freed (1894-1973).
Com ele trabalham os principais cineastas: Vincente Minnelli, Gene Kelly. E também Astaire, Garland, Debbie Reynolds, Cyd Charisse, sem falar de Kelly.
Arthur Freed impôs uma padronização de gosto, elevou o empenho artístico e liberou de vez as histórias da convenção do palco: cantava-se e dançava-se porque os filmes eram musicais, não porque a trama envolvia alguém disposto a montar um show na Broadway.
Com Freed, o musical saiu dos estúdios ("Um Dia em Nova York") e abordou o que hoje se chamaria metacinema. Mas esse segundo momento deve tanto a Freed quanto à euforia do pós-guerra, de que "Cantando na Chuva" é, possivelmente, a expressão mais acabada.
(IA)

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