São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Estrelas não salvam 'Garota 6' do fracasso

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Estréia hoje nos cinemas de São Paulo -com lançamento quase simultâneo em vídeo- o filme "Garota 6", do cineasta Spike Lee.
A "garota 6" (Theresa Randle) é uma jovem negra que, ao ver frustradas suas aspirações a atriz, acaba virando atendente de um serviço de tele-sexo.
Na central de tele-sexo, cada garota é localizada por um número. O "seis" da protagonista ("six" em inglês) evoca "sex" (sexo).
As cores fortes de Lee estão lá para criar a atmosfera de fundo de poço em que vai mergulhando a "garota 6", infeliz no amor mas bem-sucedida na profissão.
Por trás do drama da "garota 6" -que o diretor não sabe se trata como uma Carmen negra ou como personagem de um pastelão de TV-, está o tema predileto de Lee: a discriminação racial nos EUA.
O filme ataca abertamente os brancos. Todos os clientes do tele-sexo são brancos, com exceção de um. Ou seja, os pervertidos e tarados da sociedade seriam eles.
Para satisfazer a fantasia sexual dos clientes, as moças do tele-sexo, negras em maioria, têm de dizer aos clientes que são brancas.
Parece que Lee tinha pretensões de realizar um grande filme. Para isso, tratou de reunir um elenco de estrelas como meros figurantes.
A garota 75 é Naomi Campbell. Quentin Tarantino aparece como um cineasta e Madonna como dona de uma rede de tele-sexo. O próprio Lee garante seu lugar no inexpressivo papel de Jimmy, o melhor amigo da protagonista.
Mas nem as estrelas salvam do fracasso o filme tedioso e sem emoção. Se o objetivo de Lee era chocar, também não conseguiu.
O filme todo não vale uma única cena de "Short Cuts - Cenas de Uma Vida" (1993), de Robert Altman. Ali, Jennifer Jason Leigh faz a impagável dona de casa que trabalha para uma rede de tele-sexo enquanto cuida da casa.

Filme: Garota 6 (Girl 6)
Produção: EUA, 1996
Direção: Spike Lee
Com: Theresa Randle
Quando: a partir de hoje, no Cinearte 1

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