São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Diretor perdeu o tom

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O filme "Garota 6" vem juntar-se à sequência de desastres que tem marcado o cinema de Spike Lee nos últimos anos. Suas duas últimas produções mal estrearam no Brasil.
"Crooklyn", sobre sua infância no Brooklyn, foi lançado apenas em vídeo. Já "Irmãos de Sangue", sobre o tráfico de drogas em Nova York, ficou poucas semanas em cartaz.
"Garota 6", empenhado em mostrar a crise existencial de uma atendente de tele-sexo, segue pelo mesmo caminho de fracasso de público e crítica. Ao menos foi assim nos EUA.
Desde o sucesso de "Faça a Coisa Certa", Spike Lee perdeu o tom. A fórmula engajamento com divertimento desgastou-se. Ele parece oscilar num conflito de formas, entre a comédia e o drama realista.
A encruzilhada em que se encontra Spike Lee está também evidente no recente trabalho "Get on the Bus", que estreou em outubro nos EUA.
A produção trata da controversa "Marcha de Um Milhão de Homens" de Louis Farrakhan, líder da Nação do Islã, em Washington, em 1995.
Um ônibus fretado por homens negros atravessa os Estados Unidos rumo à marcha de Washington. O filme é basicamente a história dessa viagem, centrada (outra vez) na discussão do racismo e na afirmação da raça negra.
O que seria um tema excelente para retratar as contradições da sociedade americana cai, entretanto, numa obviedade constrangedora, de mensagem maniqueísta e de um moralismo quase infantil.
(MF)

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