São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Suzano tira o pandeiro do anonimato

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O músico carioca Marcos Suzano, 33, tirou o pandeiro do anonimato. Ele acaba de lançar "Sambatown", disco que dá ao instrumento -até então relegado à função de mero acompanhante- um lugar na comissão de frente da MPB.
Mas não é um pandeiro como os outros. Está fundamentado nas batidas dos tambores do candomblé -como de Carlos Negreiros e Caboclinho- e nas baquetas de bateristas como Bill Bruford (do grupo King Crimson), suas influências confessas.
Parceiro de Lenine no disco "Olho de Peixe" e do grupo Aquarela Carioca em três outros CDs, Marcos Suzano parte agora para carreira solo, embora já tenha prestado serviços em dezenas de discos de cantores, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Fernanda Abreu.
Mas, como o título já pretende frisar, "Sambatown" não é um disco de regionalismos. Baiões, xotes, cirandas e emboladas passaram longe do caldeirão sonoro de Suzano, que -cosmopolita que é- optou por ritmos do asfalto.
E ele trafega com total jogo de cintura entre a batucada das calçadas do Flamengo e o hip-hop das ruas de Nova York. Um bom exemplo é a segunda parte de "Pandemonium", faixa que abre o disco e que parece à espera de samplers para as pistas de dança.
"Eu nem sou nordestino. Estava meio cansado de gravar baião. Também não queria ouvir aquele tipo de comentário que diz 'vai do jazz ao baião', então resolvi gravar tudo entre o samba, a batucada e o hip-hop. Minha vivência é basicamente urbana. Estou no meio das buzinas e gosto disso", disse o músico à Folha.
Para viabilizar seu desejo, Marcos Suzano organizou um quinteto com dois sopros, baixo, teclados e percussão. A formação -mais para os clubes de jazz que para as ruas- dá o suingue à sua leitura de faixas, como "Assalto".
A inédita "O Curupira Pirou" começa com um "scat singing" (sons onomatopaicos que reproduzem instrumentos musicais), mas logo se vê tomada pela voz de Lenine e pela consistente base rítmica criada por Suzano. Também não falta bossa-nova, como em "Sereia do Leblon" e "Airá", essa com leve levada funk.
"Sambatown" sai no Japão no ano que vem e já tem contato com algumas gravadoras européias.

Disco: Sambatown
Autor: Marcos Suzano
Músicos: Marcos Suzano, Eduardo Neves, Alex Meirelles, Bororó e Carlos Malta.
Participações de Paulo Moura e Lenine
Gravadora: MP, B (tel. 021/294-7294)
Preço médio: R$ 20

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