São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996 |
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O circo
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - Parece coisa de maluco: para comemorar sua eleição para a Prefeitura do Rio, Luiz Paulo Conde reúne uma penca de amigos e colaboradores, arregimenta uma bandinha de música e vai para o boêmio bairro da Lapa.Até aí tudo bem, não fosse a decisão do grupo de visitar o tradicional espaço para shows ali instalado há anos, chamado Circo Voador. Ainda uma vez, tudo bem, não fosse o fato de o circo estar apresentando duas bandas punks de São Paulo, Ratos de Porão e Garotos Podres. Não deu outra: assim que o nome de Conde foi anunciado no recinto, sobrou para o futuro prefeito muita xingação e desrespeito, o mínimo, aliás, que se poderia esperar dos que ainda teimam em ser punks. Conclusão: Conde teve de sair de fininho. Mas o espetáculo circense não terminou por aí. O atual prefeito, Cesar Maia, que não deixa escapar um factóide para ir à mídia, tomou as dores do seu apadrinhado Conde e mandou fechar o Circo, segundo ele "antro de maconha e cocaína". Mais um capítulo: para contornar as coisas, e quem sabe até para limpar a barra por ter ido ver os punks lá no antro de maconha e cocaína, Conde foi sensível aos protestos contra o fechamento e disse que vai estudar, quando tomar posse, a reabertura do Circo. Fim do show? Não! Conde disse que, tudo bem, vai dar uma forcinha para reabrir o Circo, mas com uma condição: 80% da programação da casa deve ser de música brasileira, entendidos como tal apenas o samba e o chorinho. Parece incrível que esse tipo de elitismo às avessas ocorra depois de tudo o que já aconteceu com a música brasileira moderna, seus avanços, fusões, miscigenações, conquistas aqui e no exterior. Por que não deixam a música brasileira e o Circo Voador em paz? Isso não é assunto para político. Texto Anterior: Fantasmas da Malásia Próximo Texto: Eleição e saco de chumbo Índice |
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