São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Gestão privada do Banerj é investigada

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) está investigando suspeita de irregularidade na gestão do Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) pelo Banco Bozano,Simonsen.
Uma equipe de inspeção do Tribunal concluiu que o Bozano,Simonsen terceirizou, com recursos do Banerj, um serviço que fazia parte das suas obrigações como gestor do banco estadual.
O custo do serviço foi R$ 1,27 milhão.
Segundo informação do TCE-RJ, se as suspeitas se confirmarem, o Tribunal poderá pedir à Assembléia Legislativa do Estado a suspensão do contrato de gestão do Bozano,Simonsen.
O banco contratou a empresa Applied Conpetitive Strategies do Brasil, cuja razão social é JR Fagundes e Associados Ltda, para fazer o trabalho de aperfeiçoamento dos serviços de atendimento das agências do Banerj.
Tomada de contas
No documento, técnicos do TCE dizem ser "inadmissível que o Banerj seja onerado por despesas relativas a serviços que, por contrato, são de competência do gestor".
Os técnicos recomendam que o processo gerado pela inspeção seja transformado em "tomada de contas especial, por ter sido identificada prática de irregularidade que resultou em dano ao erário".
Segundo o TCE-RJ, a tomada de contas especial é a forma jurídica usada para confirmar uma irregularidade identificada em inspeção, descobrir o valor do prejuízo e identificar o responsável.
Os técnicos do TCE-RJ recomendam também que o presidente do Bozano,Simonsen Paulo Veiga Ferraz Pereira, seja citado para se defender ou pagar o valor correspondente a 1.486.523,05 Ufir (R$ 1.315.126,80, pelo valor da Ufir de ontem).
Procurador
Em parecer sobre o relatório dos técnicos do TCE-RJ, no dia 22 de outubro, o procurador de Justiça do Estado do Rio, Carlos Antonio Navega, recomenda também a transformação do processo em tomada de contas especial.
Além disso, Navega recomenda que cópias do relatório sejam enviadas "para o promotor de Justiça da 1ª Central de Inquérito, órgão com atribuição para formar sua convicção sobre a possível implicação penal".
No dia 31 de outubro, o conselheiro do TCE-RJ José Luiz de Magalhães Lins, relator do processo, votou pela abertura de prazo para defesa ao Bozano,Simonsen, na pessoa de Paulo Ferraz, antes de dar andamento ao processo.
A assessoria de imprensa do banco informou que Ferraz enviará a defesa ao TCE até o dia 29 deste mês, quando se encerra o prazo.
A assessoria do banco informou ainda que a defesa mostrará que a contratação do serviço foi legal e obedeceu as cláusulas do contrato de gestão do Banerj.
Segundo o Bozano,Simonsen, o trabalho reduziu em 31% o tempo de fila no Banerj, representando uma economia anual de R$ 30 milhões para o banco.
A Assembléia Legislativa do Rio já examina outro pedido de suspensão do contrato do Bozano feito pelo TCE, por divergências em relação à remuneração do gestor.

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