São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Combate à mortalidade de bebê em maternidades avança pouco

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os avanços obtidos pelo país na redução da mortalidade infantil nos últimos dez anos não chegou às maternidades.
Metade das mortes de crianças com menos de 5 anos no Brasil acontece antes de os recém-nascidos saírem da maternidade.
"O problema é que a qualidade dos partos ainda é muito baixa, principalmente nos casos de gestações de alto risco", diz Ana Goretti Kalume, do Programa de Saúde Infantil do Ministério da Saúde.
Segundo dados do ministério, o índice de mortalidade infantil (até 5 anos) no país hoje é de 38 para cada 1.000 nascidos vivos.
Desse total, 48% morrem nos 28 primeiros dias de vida, antes mesmo de sair das maternidades.
A morte de neonatos (bebês de até 28 dias) também é o principal agente da mortalidade infantil nos países desenvolvidos.
A diferença é que, nos países desenvolvidos, a maioria dos recém-nascidos morre em decorrência de anomalias congênitas (má-formação do feto), cuja prevenção é muito difícil.
Já no Brasil, 39% das crianças que morrem antes de completar 5 anos sofrem de afecções perinatais -doenças adquiridas pelo bebê durante a gestação ou acidentes de parto. Só 9% morrem em decorrência de anomalias congênitas.
"Boa parte das mortes de recém-nascidos no Brasil poderia ser evitada se houvesse atendimento pré-natal de qualidade e se os hospitais estivessem mais bem equipados para realizar partos de risco", afirmou Goretti.
Redução lenta
Também não houve grande redução no número de crianças que nascem com peso abaixo do normal (menos de 2,5 kg), o que é apontado como uma das principais causas de óbitos.
"Conseguimos reduzir bastante as mortes por diarréia e infecções respiratórias. Mas agora estamos chegando à fase mais difícil, porque, para acabar com as mortes por afecções perinatais, é preciso melhorar todo o sistema de atendimento à gestante", disse Goretti.
O Programa de Saúde da Criança vai concentrar seus esforços, a partir de agora, em campanhas para melhorar a qualidade do pré-natal e da assistência ao parto.
Na avaliação do ministério, as deficiências no pré-natal e a falta de preparo de médicos e hospitais para partos de risco são as principais causas de mortes de bebês.

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