São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Governo promete 31 leitos em Fortaleza

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O governador-interino do Ceará, Moroni Torgan (PSDB), anunciou ontem que vai criar, em 24 horas, 31 novos leitos de UTI neonatal na rede de hospitais públicos de Fortaleza (CE) para atendimento de partos de alto risco. Hoje existem 34 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na cidade.
Segundo Torgan, a medida foi tomada como forma de "resolver emergencialmente" o problema de superlotação na UTI neonatal da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, na qual morreram 51 bebês desde o início de novembro.
"Partindo do diagnóstico de que as mortes estavam ocorrendo devido à superlotação, tomamos a decisão política de oferecer as condições para que todo parto de alto risco seja feito em condições saudáveis", disse.
Torgan afirmou ainda que não sabe quanto vão custar os novos leitos em UTI, mas criou uma comissão com "autonomia financeira" para viabilizá-las "a qualquer custo". Ele declarou que a verba sairá de um fundo de emergência do governo cearense.
A subsecretária de Saúde do Ceará, Francisca Tati Andrade, declarou que as novas UTIs serão criadas a partir de adaptações realizadas na UTIs de médio risco e baixo risco já existentes.
Andrade disse ainda que o governo cearense resolveu criar 31 leitos em UTIs neonatais a partir de um estudo que revelou que a demanda de Fortaleza é de 65 leitos em UTIs, em vez dos 34 atuais.
Torgan declarou que a comissão terá também o papel de discutir uma estratégia para resolver o problema a médio prazo.
O diagnóstico de que as mortes na Maternidade Assis Chateaubriand foram causadas por superlotação foi unânime entre as cerca de 25 representantes de hospitais e maternidades de Fortaleza reunidos ontem na Secretaria da Saúde.
A chefe do Serviço de Neonatologia da maternidade, Sidneuma Ventura, disse que a UTI de alto risco da Maternidade Assis Chateaubriand estava funcionando ontem com 21 bebês internos, quando sua capacidade é de 12.
Desde o dia 1º, morreram 51 dos 502 bebês nascidos -média de 101,5 bebês mortos para cada 1.000 nascidos-, mais que o dobro de 94, quando morriam apenas 22.

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