São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Grisham finaliza "The Partner" no Rio

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O escritor John Grisham, 41, autor de best-sellers que se transformaram em sucessos de cinema -como "A Firma" e "Dossiê Pelicano"- está no Rio para dar o acabamento final em seu oitavo livro, "The Partner".
A história é ambientada em duas cidades brasileiras, Rio de Janeiro e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Ainda sem tradução em português, a obra deverá estar à venda em março, nos EUA. A editora Rocco, que publicou os outros livros de Grisham no Brasil, negocia a compra dos direitos.
Grisham não disfarça quando fala da profundidade de seus livros. "Não quero escrever literatura. Eu escrevo livros populares", diz.
Grisham, que chegou ao Rio na quinta-feira e tinha passagem de volta marcada para hoje à noite, diz que faz seus livros "deliberadamente para que os leitores virem as páginas rapidamente".
Por isso, diz não poder perder tempo "desenvolvendo personagens, aprofundando assuntos do coração humano". Afirma Grisham: "Tenho que sacrificar isso para que a leitura seja rápida".
Advogado que abandonou seu ofício para escrever sobre advogados, Grisham acredita que essas são também as razões pelas quais seus livros fazem tanto sucesso no cinema. "Assim como os filmes são uma sucessão de imagens, meus livros começam no 'a', depois vem o 'b', quando chega o 'z', o livro chega ao fim", assinala.
"Como meus livros não têm sexo e violência, os pais norte-americanos viram que podiam dá-los tanto para seus filhos de 15 anos lerem, assim como para seus pais de 70 anos."
"Escroques"
A trama de "The Partner" não é exatamente uma idéia nova. Um advogado simula sua morte, nos EUA, dá um golpe no escritório e clientes e se manda para o Brasil, em fuga, cheio de dinheiro. No Rio, faz uma cirurgia plástica.
Por aqui, conhece uma advogada linda, de longos cabelos escuros e tez morena, por quem se apaixona. Conta toda a história para ela, que o ajuda a esconder o dinheiro.
Os americanos "do mal" vêm atrás dele e o herói (que até o final do livro não fica definido se é "do bem" ou "do mal") tem que se refugiar em Ponta Porã, cidade que Grisham visitou duas vezes em 1993 e 1994 como missionário da Igreja Batista.
Grisham escolheu o Brasil para refúgio de seu herói por ser um país onde há dificuldades de extradição e a polícia pode ser simpática com quem tem dinheiro, segundo diz. Mas lembra que os "escroques", como define, não estão todos por aqui.
"O presidente Collor vive em Miami. Então, ele pode ter cruzado no ar com o meu personagem", disse. Um dos fãs brasileiros de Grisham era o tesoureiro de Collor, Paulo César Farias. Ao morrer, PC tinha na mesinha de cabeceira seu livro "O Cliente".

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