São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Oposicionista abre crise política no Zaire

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder da oposição do Zaire, Etiénne Tshisekedi, disse ontem ter recebido do presidente do país, Mobutu Sese Seko, a incumbência de formar um governo de unidade nacional.
Tshisekedi foi recebido ontem em audiência pelo presidente. Seko faz tratamento contra câncer na próstata no sul da França.
O porta-voz do governo em Kinshasa negou as declarações do líder oposicionista. "Está claro que ele atribuiu seus próprios pensamentos ao presidente", disse o porta-voz Kabuya Lumuna.
Outro assessor disse que nenhuma questão política foi abordada no encontro entre o presidente e o líder da oposição.
Segundo ele, uma mudança no governo do Zaire requer a aprovação do Parlamento.
Partidários de Tshisekedi têm realizado uma campanha contra o atual primeiro-ministro, Kengo wa Dongo.
Segundo ele, "Dongo é o primeiro-ministro das potências ocidentais, mas não o do povo do Zaire".
Tshisekedi disse que o líder dos rebeldes, Laurent Kabila, outro rival de Seko, deve ter participação no governo.
O atual líder da oposição foi eleito primeiro-ministro do país em 1992, em uma convenção que teve como objetivo iniciar o processo de transição do Zaire para a democracia. Kabila foi um dos signatários do acordo.
Em 1993, Tshisekedi foi retirado do poder pelo presidente, decisão que não foi aceita por ele até hoje.
"Com esta reconciliação que acabamos de ter, o presidente Mobutu vai respeitar o ato constitucional para que eu possa liderar o que chamamos de governo de unidade nacional", disse ele à Rádio França Internacional.
Estratégia
Comentaristas políticos acreditam que Seko pode ter feito promessas ao seu rival com o objetivo de desmoralizá-lo e minar sua base de apoio popular caso haja eleições no ano que vem.
"Em política tudo é possível. Mobutu pode dizer a Tshisekedi que ele é o primeiro-ministro e pedir a seus assessores que neguem a informação, para que ele pareça tolo", disse o ativista político Honore Kilak.

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