São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 1996
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Falta de leito expõe bebê de SP a infecção

PRISCILA LAMBERT; RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de leitos para bebês de risco nos hospitais de São Paulo expõe o Estado ao perigo de surtos de infecção hospitalar em recém-nascidos.
Segundo Tânia di Giacomo do Lago, coordenadora da área de saúde da mulher da Secretaria de Estado da Saúde, faltam nos hospitais públicos e conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) na Grande São Paulo 70 leitos destinados a bebês de risco. Isso equivale a 30% dos 230 leitos desse tipo existentes na área metropolitana.
Os números estaduais dessa deficiência ainda estão sendo levantados, em um estudo da secretaria que quer mapear as maternidades no Estado. Até hoje, segundo Tânia, nunca foi feito um levantamento desses dados.
"Os berçários operam no limite e, muitas vezes, ficam superlotados. Enquanto não se ampliar o número de leitos, principalmente em maternidades de alto risco, não descarto a possibilidade de voltarmos a ter surtos de infecção hospitalar em bebês", afirmou.
Hoje, esse mesmo hospital está operando no limite, com 79 de seus 80 leitos ocupados, dos quais quase 50% são destinados para bebês de risco e de alto risco.
Outro que enfrenta superlotação é o Hospital do Mandaqui (zona norte). Todos os 14 leitos, normalmente usados para casos de alto risco, estão ocupados.
"Já chegamos a ter 30 bebês ao mesmo tempo", disse a diretora do hospital, Nádia Romaris. "Além de espaço físico limitado, temos que redobrar o cuidado na manipulação dos bebês."
Segundo ela, o ideal é ter 85% de ocupação do espaço, para garantir os cuidados necessários.
Tânia nega que o problema seja falta de verbas para aumentar as instalações. "A questão é que nosso sistema de saúde não tem como reter, com melhores salários, profissionais qualificados."
Avaliação
A Secretaria do Estado da Saúde está fazendo, desde julho, uma avaliação das condições dos hospitais e maternidades públicos e privados conveniados aos SUS.
Até agora foram analisados cem estabelecimentos, que receberam uma letra correspondente às condições encontradas.
O restante -38 hospitais e maternidades do Estado- não tem condições básicas para dar um atendimento adequado à gestante.
"Essa é uma maneira de melhorar o atendimento pré-natal, diminuindo os nascimentos de risco."
Em São Paulo, 10% do total de nascidos é de risco, o que representa 70 mil bebês ao ano.
Números
Em São Paulo, 10% do total de nascidos é de risco.Isso significa que nascem, por ano, 70 mil bebês de risco no Estado, dos quais 49 mil dentro do sistema público de saúde.
Na Grande São Paulo, há 25,5 mil nascimentos nessas condições por ano.
Já o número de maternidades, segundo Tânia, tem diminuído. Em julho do ano passado, havia 510 hospitais com leitos destinados à maternidade, em geral. Em março deste ano, o número havia caído para 468.
(PRISCILA LAMBERT e RODRIGO VERGARA)

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