São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Suspeita provoca troca de procurador

PMDB acusa Silva de ser petista

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA

Em meio a acusações do PMDB de que o procurador da República em Mato Grosso do Sul, Paulo Thadeu Gomes da Silva, é petista, o procurador-geral da República interino, Haroldo Ferras da Nobrega, decidiu nomear hoje novo procurador eleitoral no Estado.
O PT do MS está cobrando a anulação das eleições alegando fraudes e compra de votos, que teriam beneficiado o prefeito eleito, André Puccinelli (PMDB). Ele venceu com 411 votos de vantagem sobre o petista Zeca do PT.
Na semana passada, o procurador Silva prendeu, pessoalmente, uma acusada de comprar votos em benefício de Puccinelli. No sábado, participou de buscas autorizadas pela Justiça de um flagrante de suposta retenção de título de eleitor na casa de um suposto cabo eleitoral de Puccinelli.
A atuação de Silva gerou a abertura de 2 dos 6 inquéritos da Polícia Federal, nos quais pessoas supostamente ligadas a Puccinelli são acusadas de negociar votos.
"O inusitado abuso de poder chega ao ponto de envolver o procurador da República Paulo Thadeu Gomes da Silva, ex-assessor de bancada do PT, que volta a colocar-se a serviço da legenda", diz, em nota, o senador Ramez Tebet, presidente regional do PMDB.
O senador peemedebista diz ainda que o procurador e a polícia entraram em casas sem mandados judiciais, "extrapolando suas funções". A nota compara o clima criado pelas denúncias petistas a "atitudes só conhecidas durante a ditadura militar".
O procurador-geral da República interino afirmou à Agência Folha que Silva substituiria a partir de hoje o procurador-eleitoral-titular do Estado, Luiz de Lima Stefanini, que entrou em férias.
Segundo Nobrega, o integrante do Ministério Público Federal não cometeu nenhum ato ilegal. Silva, disse o procurador-geral, depois de relatar situação local na sexta-feira a ele, teria pedido a indicação de outra pessoa para a função.
Silva pediu seu desligamento do PT, em 91. Em 93, foi nomeado assessor jurídico da bancada do PT na Câmara Municipal de Campo Grande. Com esses fatos, o PMDB quer provar que todas as acusações de fraude na eleição não passam de "armação petista", como definiu Puccinelli.
O procurador-geral afirmou que Silva atuou dentro da lei e nenhum dos atos dele "perde efeito devido às acusações que estão lhe sendo imputadas".
"Estou sendo vítima de uma jogada política. Os fatos apontados como irregulares estão no meu currículo. Um procurador não pode fechar os olhos para as denúncias que chegam à Procuradoria", afirmou Silva.

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