São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Governo pode pagar mais para hospitais

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O ministro da Saúde, José Carlos Seixas, disse ontem, em Fortaleza (CE), que está estudando um aumento na tabela de preços que o SUS (Sistema Único de Saúde) paga a hospitais conveniados.
O presidente do Sindicato dos Hospitais do Ceará, Sebastião Fernandes, disse que a tabela atual é insuficiente para cobrir os custos.
Seixas reuniu-se com o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), e a direção da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. O grupo visitou a maternidade.
Para Seixas, as instalações do hospital são "quase" de Primeiro Mundo. "Se não fosse pelo excesso no número de atendimentos, diria que são ótimas."
Até sexta, a maternidade havia registrado a morte de 51 dos 502 bebês nascidos em novembro, uma taxa de 101,5 bebês mortos a cada 1.000 nascidos. Em 94, a média era de 22 mortos a cada 1.000.
Ontem à tarde, o ministro e a direção da maternidade se negaram a revelar o número de bebês mortos nos últimos quatro dias.
Na manhã de ontem, a chefe-interina do Serviço de Neonatal da Maternidade, Fátima Maia, havia dito em entrevista à TV Verdes Mares que quatro bebês morreram no hospital no fim-de-semana, três deles de infecção hospitalar.
Na entrevista, Maia disse que, desde o início de novembro, haviam morrido 60 bebês. Como o último boletim divulgado pela maternidade na sexta registrava a morte de 51 bebês desde o início do mês, o número dava a entender que havia mais nove mortos.
Questionados sobre qual o número correto de mortes na maternidade em entrevista coletiva ontem, o ministro Seixas e o diretor da maternidade, Chagas Oliveira, não quiseram responder.
Roberto Cláudio Bezerra, reitor da Universidade Federal do Ceará, à qual o hospital é ligado, disse que o número está sendo computado pelo Centro de Processamento de Dados e seria divulgado hoje. Procurada ontem na maternidade das 17h às 19h, Maia não foi achada. Seu celular ficou fora do ar.
O governador declarou que vai convocar os 11 diretores de maternidades conveniadas ao SUS em Fortaleza para convencê-los a deixar de recusar partos de alto risco.
O ministro da Saúde disse que considera "uma visão simplista" a que busca "identificar os culpados" pelas mortes na maternidade. "As responsabilidades pela superlotação devem ser divididas, inclusive com a sociedade."
Jereissati disse que até o final da semana devem entrar em funcionamento mais oito leitos para partos de alto risco na maternidade.
Segundo ele, a meta do governo é criar a curto prazo 31 novos leitos em UTIs de alto risco. O governo havia dito na sexta que esse número seria criado em 24 horas.

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