São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Chapman, um revolucionário do futebol

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, em 1925, um certo Hebert Chapman assinou o seu primeiro contrato como manager do Woolwich Arsenal F.C.
Na verdade, Hebert Chapman é um verdadeiro mito da história do futebol.
Ele é considerado, por muita gente boa, como o primeiro homem a ter uma atitude verdadeiramente empresarial na administração de um time.
Chapman adotou, por exemplo, técnicas advindas do processo de produção industrial na formatação de um time.
Segundo Don Davies, ele passou a tratar um clube de futebol baseado em noções como especialização (zagueiro é zagueiro, atacante é atacante), funcionalismo, inovações tecnológicas, habilidade de compra e venda e publicidade.
Chapman comprou Charles Buchan, do Sunderland, pagando uma quantia fixa pelo passe, e mais uma variável por cada gol que ele marcasse durante a primeira temporada com a camisa do Arsenal (estava praticando, desde aquela época, o princípio tão festejado hoje nas empresas, da produtividade. Imagine se o salário de alguns jogadores milionários que andam por aí fosse proporcional ao número de gols que anotam por jogo...).
Em lance de marketing institucional, Chapman conseguiu que a estação de trem perto do estádio Highbury passasse a ser oficialmente conhecida como Estação Arsenal.
Diz a lenda que ele foi ainda o idealizador dos números nas camisas dos jogadores, das bolas brancas, de um relógio de 45 minutos, e outras coisitas más que deixariam o futebol mais interessante.
Como estrategista do jogo de futebol, ele teria inventado a figura do "stopper", para aproveitar os limites que a regulamentação do impedimento impôs aos atacantes.
Chapman introduziu a "tristeza" racional e administrativa da era industrial moderna na maneira de se jogar futebol.
Apesar disso, que maravilha se o futebol brasileiro encontrasse alguém criativo com Hebert Chapman, nemesmo?
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O Fluminese é apenas o começo. Outras falências virão.
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O veteraníssimo atacante uruguaio Francescoli disputa hoje, lá na minha Tóquio querida, por uma equipe argentina, a final do título mundial de clubes de futebol.
A longevidade da sua carreira é notável.
Clássico, às vezes um pouco lento, Francescoli, na verdade, tem um dos estilos mais elegantes, em um jogador de ataque, de todos os tempos.
Como jogador de futebol, é um manequim desfilando em uma passarela, embora o jogo de hoje, contra a Juve, não deva ser propriamente um passeio para o River Plate.
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A Juventus desta temporada está um grau abaixo da Juve da temporada passada, quando o técnico Marcelo Lippi tinha um time bastante ofensivo, com três atacantes.
Vi, na semana passada, o seu empate contra o Porto, em Portugal, pela Copa dos Campeões da Europa.
Jogo disputadíssimo e emocionante, mas, de destaque mesmo, só o fato de que o perigosíssimo e jovem Del Piero, menos verde, está com um futebol mais consistente.

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