São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996 |
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Brissac leva 'Paisagens Urbanas' ao vídeo
GISELLE BEIGUELMAN
Os três episódios são pontuados por depoimentos da filósofa Olgária Matos e do crítico Davi Arrigucci, entrevistas com os arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Joaquim Guedes e cenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e cidades históricas de Minas Gerais. Citações do cineasta russo Dziga Vertov, trilha sonora especial do compositor norte-americano Stephen Vitiello e discussões sobre a produção artística atual completam o roteiro escrito em 90, gravado em 91 e montado entre 95 e 96. Artistas como os pintores Carlos Vergara e Marco Gianotti, o escultor José Rezende e o fotógrafo Cristiano Mascaro aparecem comentando seus trabalhos. Posteriormente, esses artistas vieram a participar do projeto de intervenção urbana Arte/Cidade, do qual Brissac Peixoto é curador. O vídeo antecipa temas que são hoje centrais na obra do autor. Alguns deles são a fundamentação do imaginário urbano em referências do século 19, a idéia da metrópole como o horizonte da arte contemporânea e a recorrência ao pensamento arquitetônico para a compreensão das representações da cidade em diferentes momentos da história. "Paisagens Urbanas" é também o nome do último livro de Brissac Peixoto, lançado em setembro. Nele Brissac Peixoto escreve pela primeira vez sobre artistas brasileiros como Waltércio Caldas e Rosangela Rennó, mas não faz isso em nome de uma teoria nacionalista das artes. Tanto o livro como o vídeo enfatizam a emergência de um mapa transnacional de megalópoles onde tudo é fluxo. O ensaio "Retratos" se detém nos modos de representação das relações entre o rosto e a paisagem e busca aí a compreensão de como se produzem a personalização e a despersonalização do olhar. "Retratos" funciona como uma espécie de "capítulo-chave" para a leitura de "Paisagens Urbanas". É aí que o autor define o tipo de olhar que poderia nos reconciliar com a visão da paisagem. O livro é marcado pela presença das referências conceituais de Merleau-Ponty e Walter Benjamin, que adquirem peso inédito na produção intelectual de Brissac. Apesar de manter sua fidelidade à filosofia kantiana e à filosofia francesa dos anos 70 e 80 -Baudrillard, Delleuze, Derrida, Lyotard e Virilio-, acrescentam-se pressupostos teóricos caros à historiografia da arte e às novas teorias urbanas de Giulio Carlo Argan, R. Khoolas e Peter Eisenman. É possível ler mais sobre o livro e ver um trecho do vídeo na estação "Diversão e Arte" do Universo Online (www.uol.com.br/roteiro/brissac.htm). Livro: Paisagens Urbanas Lançamento: SENAC/FAPESP/Marca D'Água Quanto: R$ 35 (350 págs.) Vídeo: Paisagens Urbanas Emissora: TV Cultura Quando: hoje, quarta e quinta, às 22h30 Texto Anterior: Minnelli pinta Van Gogh Próximo Texto: Entre a esmola e o assalto, o coração balança Índice |
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