São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996 |
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Zé Celso tem nova audiência em Araraquara
DANIELA ROCHA
Segundo o diretor do 3º Cartório Criminal de Araraquara, Antonio Carlos Esperetto, Zé Celso não pode ser preso. "A audiência é mais uma etapa do julgamento. Se o grupo de Zé Celso aceitar a condenação, ele pode pagar uma multa com valor a ser determinado pelo juiz", disse. Se o diretor e seu grupo não aceitarem a condenação, o Ministério Público vai apresentar a denúncia contra os réus e marcar nova audiência para ouvir testemunhas de ambas as partes. Zé Celso afirmou que não vai pagar multa alguma. "Achamos que não cometemos crime para ter que pagar multa", disse. O valor da multa é calculado sobre o salário mínimo da época do fato (junho de 1995). O juiz pode determinar o pagamento de dez dias/multa, por exemplo. Um dia/multa é correspondente a um trigésimo do valor do salário mínimo da época em que foi aberto o processo. A cena O espetáculo "Mistérios Gozosos" foi enquadrado no artigo 208 do Código Penal, que protege imagens e ritos religiosos. A cena que causou a polêmica é uma em que o ator Marcelo Drummond, no papel de Jesus, oferece seu corpo e sangue em forma de banana e champanhe. "Araraquara é minha cidade natal. Apresentei o espetáculo lá em uma semana de homenagens a meu irmão. O que está acontecendo é um sintoma de fascismo", afirmou o diretor. Segundo Zé Celso, além da pressão da igreja existe uma política anticultural do Estado em relação ao Oficina. Foi por isso que ele convidou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) para uma conversa. Eles se encontrariam ontem à noite para discutir uma saída política para o teatro Oficina. "O encontro visa tirar o Oficina do isolamento", disse Fernando Gabeira. Segundo o deputado, Zé Celso e seu grupo precisam reconquistar seu espaço e seus amigos. "Eles ficaram isolados e dessa forma não conseguem realizar o trabalho deles", disse Gabeira. Zé Celso diz que o Estado, proprietário do Oficina, na rua Jaceguai, não arca com a manutenção do prédio. "Firmamos um convênio no governo Fleury que o governo Covas encontra entraves burocráticos para não cumprir." Por esse convênio, o governo deveria pagar R$ 260 mil por ano para despesas administrativas e de manutenção do Oficina. Zé Celso afirma que também sofre pressões políticas para deixar o espaço para que Silvio Santos, que é proprietário do restante do quarteirão, construa na área um shopping. O diretor também acusa a mídia de promover terrorismo contra seu trabalho. "As pessoas que poderiam nos ajudar não vêem nosso espetáculo por medo", disse. (DR) Texto Anterior: Sequência tem conflitos entre Aurora e os netos Próximo Texto: Morales faz som comercial e agrada Índice |
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