São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Oposição denuncia fraude em Belarus

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente de Belarus, Alexander Lukachenko, declarou-se ontem vitorioso em um plebiscito que aumentou seu poder. A oposição, que considerou o referendo ilegal, disse que houve fraude.
Mais de 70% do eleitorado votou anteontem a favor das propostas do presidente.
"Será muito difícil para meus adversários insistir que houve violações. A maioria inquestionável obtida por todas as questões do presidente fala por si só", disse Lukachenko.
O presidente poderá dividir o Parlamento em duas Câmaras, nomear metade da corte constitucional (a mais alta instância da Justiça) e prorrogar seu mandato.
Além disso, Lukachenko manteve o poder para nomear líderes locais. O eleitorado também se pronunciou favoravelmente à manutenção da pena de morte e a limitações para o comércio de terras.
O oposicionista Semion Charetski, presidente do Parlamento, afirmou que o plebiscito foi "uma farsa". "Belarus está a caminho de uma ditadura."
O ex-presidente da comissão eleitoral do país afirmou que o referendo foi fraudulento, apontando como indício o comparecimento às urnas de mais de 84%.
"Mesmo durante a campanha presidencial, quando a atividade política estava no ápice, (o comparecimento) foi menor", disse Viktor Gonchar, retirado do cargo por Lukachenko, apesar de ter sido nomeado pelo Parlamento.
Gonchar afirmou que o comparecimento às urnas foi grande nas cidades maiores, particularmente nas quatro últimas horas de votação. "Isto seria compreensível no verão (do hemisfério norte), mas não no fim de novembro."
Impeachment
O trâmite de um processo de impeachment aberto na semana passada por deputados da oposição deve continuar hoje.
Questionado sobre o que fará se a corte constitucional tomar uma decisão contra ele, o presidente perguntou: "Você acha que eles fariam isso?"
O presidente deixou claro que poderá apontar novamente os 11 membros atuais do tribunal, desde que não vetem suas decisões.
Repercussão
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que o referendo realizado em Belarus não tem legitimidade.
Na avaliação dos EUA, a oposição não teve oportunidade de divulgar seu ponto de vista.
O premiê da Rússia, Viktor Tchernomirdin, ligou para Lukachenko e o cumprimentou pelo resultado no plebiscito. Ele considerou o resultado "normal". Tchernomirdin mediou um acordo (que acabou fracassando) entre o presidente e a oposição.

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