São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
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Grife famosa atesta qualidade para 32%

ESPECIAL PARA A FOLHA

Em um mercado de preços mais estáveis, com o consumidor de baixa renda invadindo as lojas para comprar o que nunca pôde ter, a marca de um produto passa a ser seu maior patrimônio, dizem publicitários e especialistas em marketing.
Essa tese é confirmada pela pesquisa Almap/BBDO. Entre os consumidores de classe A/B, uma marca famosa é sinônimo de qualidade para 18% deles. Na classe C, esse número cresce para 25%, e chega a 32% entre os consumidores da classe D. Preço mais alto ou o fato de ser o produto mais vendido influem pouco na decisão de compra.
Os consumidores de todas as classes sociais avaliam, de forma equilibrada entre si, a durabilidade de um bem como o fator determinante da compra. Mas para a classe D, o tempo de garantia oferecido é mais importante (19%) do que para o da classe A/B (11%) ou C (12%).
"No mercado estável não se compra preço nem oferta, mas marca. O grande papel das agências de propaganda, agora, é valorizar a marca do produto, estabelecendo uma relação de cumplicidade com o consumidor, especialmente esse que entra agora no mercado de consumo", diz Flávio Conti, diretor da DPZ.
"O perfil desse consumidor das classes mais baixas mudou muito", atesta Antonio De Bonis, vice-presidente da JVC brasileira. A fábrica, instalada há seis meses no país para produzir uma linha sofisticada de som e vídeo, bateu suas previsões de faturamento em 15% vendendo, com surpresa, para o consumidor de baixa renda.
Fora de shoppings Ainda sem dados disponíveis, a JVC já descobriu que boa parte de seus estoques acaba saindo para lojas especializadas de bairros populares e grandes magazines, fora de shopping centers.
"Antes, sem opções de crédito, o consumidor das classes C e D comprava o que conseguia, sem poder optar por marca ou qualidade. Agora, por R$ 10 a mais na prestação mensal, consegue levar para casa o aparelho de som com que sempre sonhou", diz ele.
Se não dispensa a marca conhecida, o consumidor de baixa renda também não dispensa o aparelho de som. É ele quem mais se importa com esse bem (63%) na hora de listar o que seria indispensável à sua vida diária. Na classe A/B, esse número cai para 43%.
Já para o consumidor A/B, um telefone é muito mais importante (77%) do que para o consumidor da classe C (49%) ou da classe D (46%).

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