São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Barrados na portaria

VALDO CRUZ

Brasília - Diálogo ouvido na portaria de um edifício onde moram ministros do governo Fernando Henrique Cardoso. O porteiro, funcionário de uma empresa privada de segurança, pega o jornal do dia e lê que o prefeito Paulo Maluf posou de candidato na capital do país.
Olhando para um funcionário público à espera do seu ministro, o porteiro diz: "Eu não voto de jeito nenhum nesse Maluf. É um mafioso. Ele não me engana. Se tiver reeleição, eu voto no Fernando Henrique".
O funcionário público reage, indignado, à declaração do porteiro: "Esse presidente pode ter feito algo para você, mas está sendo um desastre para nós. Não reajusta o nosso salário".
A cena, ocorrida ontem pela manhã, explicita o que os adversários de Maluf vivem dizendo pelos corredores do Congresso e dos ministérios.
O prefeito paulistano teria conseguido limpar e vitaminar sua imagem em São Paulo, mas em boa parte do país seu nome ainda estaria associado às denúncias de irregularidades.
Aliados de Maluf, como o deputado Delfim Netto (PPB-SP), dizem que ele tem quase dois anos para mudar essa imagem negativa.
A idéia é neutralizar essa deficiência apresentando um Maluf empreendedor, o único candidato à Presidência capaz de apresentar um projeto viável para o Brasil pós-estabilização.
Objetivo: atrair a simpatia de empresários descontentes com a política neoliberal do governo tucano. E até a de trabalhadores, como o funcionário público com o salário arrochado.
Antes, Maluf sonha em barrar a proposta que pode garantir a FHC a chance de disputar um segundo mandato. Para tentar evitar votos certos no presidente tucano em 1998, como o do porteiro de Brasília.
Ontem, o prefeito de São Paulo sofreu o primeiro revés. Seu partido, o PPB, decidiu que não vai obrigar seus parlamentares a seguirem os passos malufistas. O jogo não será tão fácil como pensa Maluf. Nem FHC.

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