São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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CAMINHO TORTUOSO

A viagem do prefeito paulistano, Paulo Maluf (PPB), à capital federal foi sua primeira ofensiva aberta dentro de seu partido contra o direito à reeleição para o presidente Fernando Henrique Cardoso. Apesar do empenho que Maluf demonstrou em firmar-se junto aos seus companheiros do PPB como forte candidato à Presidência da República, o desfecho de sua passagem por Brasília calou parte de sua euforia inicial.
Maluf não conseguiu que o partido determinasse aos seus filiados do Congresso que votassem contra o direito à reeleição para os atuais presidente e governadores e os prefeitos recém-eleitos. Sua tese foi aprovada apenas como uma recomendação, ou seja, deputados e senadores pepebistas estão livres para escolher o caminho que melhor lhes convier.
Predominou a visão do senador Esperidião Amin e do ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Francisco Dornelles. Se ambos demonstraram cordialidade com o prefeito de São Paulo, os dois mantêm-se estrategicamente próximos a FHC.
A vitória de Celso Pitta no último dia 15 deu sem dúvida uma renovada força política ao prefeito paulistano. Maluf não só fez seu sucessor, mas o sucesso da campanha foi claramente atribuído a ele, já que Pitta não desfrutava de prestígio político próprio.
Mas os acontecimentos dos últimos dias mostram que, se Maluf ganhou terreno, ainda falta muito para que consiga transferir esse bom resultado para o panorama nacional. As dificuldades dentro de seu partido são apenas um exemplo dos obstáculos que deverá encontrar fora dele em sua jornada visando a Presidência.
Nos últimos anos, Maluf conseguiu inverter em São Paulo a imagem negativa que o maculou durante o regime militar. O Brasil, entretanto, é um objetivo mais difícil de ser alcançado, principalmente considerando o prestígio desfrutado em todo o país por FHC. Na verdade, o prefeito ainda ganhou pouco nacionalmente. Em sua corrida ao Planalto, terá um longo e tortuoso caminho a percorrer.

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