São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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O azarão paulista

KENNEDY ALENCAR

São Paulo - Se imaginarmos que a eleição presidencial de 98 é uma corrida de cavalos, Paulo Maluf está mais para azarão do que para barbada.
Hoje, existem duas alternativas em melhores condições: Fernando Henrique Cardoso e o candidato da esquerda (uma incógnita devido à crise de identidade que assola o PT).
Nome preferido da elite brasileira, FHC está montado em um plano econômico que obedece a um cronograma político claro: aprovar a reeleição e mantê-lo no Planalto.
O desempenho do PT em 15 de novembro mostrou que o partido é porta-voz de uma minoria expressiva. Não tem votos para chegar ao poder, mas, junto com PSB, ainda representa cerca de 25% do eleitorado.
Maluf sabe disso tudo. Movimenta-se competentemente para tentar viabilizar seu sonho presidencial. Não é mais a Geni da política. Um fato: Maluf é popular, em São Paulo.
Entretanto, engenheiro que é, o prefeito paulistano luta contra uma enorme probabilidade: a de que a "onda Maluf", que varreu o país nesta semana, tenha o destino de todas as ondas. E acabe por morrer na praia.
Se a eleição presidencial ocorresse hoje, provavelmente Maluf levaria FHC a ter que enfrentar um 2º turno.
Maluf precisa de mais. Seus estrategistas o aconselham a desenhar uma feição nacional, a deixar de ser paulista, deixar de ser típico em excesso (característica que, paradoxalmente, é o segredo do seu sucesso em São Paulo).
Mas como é difícil para Maluf deixar de ser paulista! Suas imagens, sempre sobre obras e feitos grandiosos, beiram a megalomania. O objetivo é transformar o Nordeste em "Califórnia brasileira", construir a rodovia Cuiabá-Santarém. Slogan provisório de sua campanha presidencial: "Maluf - Pra dar um jeito no Brasil".
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Parece provocação de FHC, mas não é. O presidente, que gosta de brincar com os paulistas, costuma dizer: "Os paulistas, quando chegam a Brasília, não entendem os signos, os códigos, os brasis. Sofrem aqui. Querem tudo resolvido rapidamente, funcionando 24 horas por dia. O Brasil não é assim".

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