São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Famílias tentam esquecer tragédias

Unibanco liberou R$ 2,7 milhões até agora

DA REPORTAGEM LOCAL

A Unibanco Seguros divulgou ontem um balanço das indenizações pagas até o momento e das que estão em fase final de pagamento. Os valores pagos somam R$ 2.714.706,13.
Os familiares dos passageiros do vôo 402 ainda não foram indenizados pelo acidente.
As oito famílias de funcionários do Unibanco receberam indenizações no valor total de R$ 2.022.653,95, referentes a seguros pessoais por morte acidental.
Um total de R$ 79.714,26 foi pago às famílias de três tripulantes da aeronave, também por conta de seguros pessoais.
Foram pagas 24 indenizações a proprietários de veículos avariados, totalizando R$ 126.143,92, e R$ 236.194 a 13 famílias que tiveram suas casas danificadas.
As despesas com hotel e funerais somaram R$ 250 mil.
Os gastos hospitalares com Dirceu Barbosa Geraldo, atingido em terra e que estava internado até anteontem, totalizaram R$ 142.958.
Também estão em fase final de pagamento as indenizações pelos bens de alguns moradores, um total de R$ 364 mil, e por edificações, somando R$ 850 mil.
Mudança
A família do pedreiro Tadao Funada, morto em terra ao ser atingido pelo avião, recebeu R$ 1.800 de indenização, referentes ao carro do pedreiro, um Fiat 147, incendiado no acidente.
Para esquecer a tragédia, suas duas filhas desocuparam a casa onde ele morava, em Americanópolis (zona sul), para alugar.
Todos os móveis da casa foram retirados. Sobraram apenas dois cachorros. A única filha que morava com ele, Adriana, mudou para a casa de sua irmã, Lúcia, em Diadema (Grande SP).
"Ele construiu aquela casa sozinho e viveu lá por 30 anos. Qualquer cantinho me faz lembrar dele. Por isso, é melhor alugar a casa", afirmou.
Piloto
Um mês não foi suficiente para José dos Santos Moreno, 56, assimilar a morte de seu filho, o piloto José Antônio Moreno.
Deprimido, José dos Santos Moreno pediu licença médica do cargo de vice-prefeito de Mogi Mirim (157 km a noroeste de SP). Desde o dia do acidente, nunca mais voltou a seu gabinete.
"Ele está tão desolado que não tem coragem de sair de casa", afirmou Alonso Moreno, irmão de José dos Santos.
Kátia Alecrim, 33, diretora-adjunta de vendas do Citibank, perdeu o marido, Henrique Trindade, 32, no acidente. Ela tem uma filha de 1 ano e está grávida.
"Para mim, é como se tivesse sido ontem. Ainda tenho a impressão de que ele vai voltar." Como não tem família -perdeu a mãe e um irmão no ano passado- já prevê as dificuldades que terá de enfrentar. "Criar dois filhos sozinha é muito difícil."

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